terça-feira, novembro 23, 2010

É bom viver em Alcoutim...

Alcoutim, hoje, é assim...
Excelente video que retrata bem - Alcoutim Século XXI
Parabéns CMAlcoutim.

domingo, novembro 21, 2010

P'ra matar saudades... vou lá!!!


De vez em quando lá tiro um dia para visitar Alcoutim, um dia qualquer de um qualquer mês do calendário. Gosto de lá ir num dia assim em que não se assinala nada, em que posso ver a vila como ela é, de facto.
Vou pela Via do Infante até Monte Francisco e depois pela Via Rápida até perto da Barragem de Odeleite. Aí chegada, ando um pouco para trás e do lado esquerdo apanho a estrada marginal para Alcoutim. Encontro Alcarias e depois Foz de Odeleite no concelho de Castro Marim e, pouco, depois entro no meu concelho. Gosto de ir por aí, por entre curvas e contra curvas com o rio ao lado... A paisagem é agreste, mas linda e única. A água corre de mansinho ora para cima, ora para baixo, consoante a maré enche ou vaza. Em dias de calor a visão do rio e dos montes que o ladeiam, o cheiro da esteva e o canto das cigarras arrebatam-nos os sentidos… São divinais as sensações que me invadem...
Quando era pequena esta estrada não existia. Ainda me lembro de ver chegar casamentos e funerais em pequenos barcos. O Rio era a única via de comunicação de que dispunham as pessoas das Laranjeiras, Álamo e Guerreiros do Rio.
Primeiro vejo o Castelo espanhol, depois Sanlúcar e só mais à frente, depois da curva consigo ver Alcoutim.  Começo a ver veleiros atracados, sinal de que já estou perto...muitas famílias estrangeiras elegeram o rio para nele viver e eu gosto de ver o colorido que dão ao rio. Sugerem-me belos passeios, mar além, mas fico-me pelo prazer de os ver ali já que do mar, tenho medo...
Chego e, regra geral, estaciono e vou molhar os pés no rio. Depois, subo a escadaria que me leva ao Quiosque fronteiro ao rio e sento-me na esplanada que me convida à madorra e contemplação...
Peço algo fresco e delicio-me... Ah, coisa boa!...
                                   

segunda-feira, novembro 15, 2010

A minha ESCOLA

Era assim a minha Escola...  dois edifícios simétricos... duas salas de aula. Em baixo, a residência da Sra professora. Os tempos eram outros, mas os professores até tinham casa...e  também recebiam, de vez em quando, uns ovitos embrulhados em papel de jornal, uma galinha caseira e umas batatitas ou feijão verde...
A Escola situava-se a nascente da Praça da República, o Rio ao fundo e Sanlúcar mais além. O nosso recreio era toda a Praça... na Rua do Município, do lado esquerdo a seguir à Câmara era a minha casa, inicialmente, porque depois mudámos para a casa nova , a poente da praça, pouco depois de o meu irmão nascer.
 Actualmente a Praça está diferente - mais moderna, mais acolhedora. As casas que a ladeavam foram dando lugar a edifícios mais altos. Restam apenas o Edifício da Câmara, a casa dos meus pais e a velha Escola que, há muito deixou de vibrar ao som dos risos e gargalhadas dos miúdos, dado que outra foi construída, há muitos anos, na parte de cima da Vila.
Não é só a Praça da República que está hoje mais bonita,  também a minha Escola foi recuperada, por  fora e por dentro, mantendo-se a traça de outrora.
Perco-me a olhar para ela... desfio muitas recordações boas e algumas menos boas - que também as houve...
Naquele tempo, como já disse noutro post, a régua trabalhava!!! Foi pena!... Não fosse isso e as reminiscências seriam, todas elas, divinais...
Há pouco tempo, em Setembro voltei a ver a minha primeira professora a D.Adélia. Uma boa professora, uma boa amiga que nos acompanhou ao longo de 2 anos. Dela guardo as melhores recordações desse tempo. no final da minha 2ª classe, como então se dizia, concorreu e foi viver para Olhão e eu senti-me um pouco abandonada...  Veio depois outra professora, a D. Mª Antónia, para o seu lugar vazio...
Era muito o que tinhamos que aprender nos últimos 2 anos da primária:
Matemática - saliento os terríveis problemas das torneiras que pingavam horas a fio e quanto mais pingavam maiores eram as contas..., as áreas daqueles terrenos enormes que só havia no Alentejo, e que muitas vezes tínhamos que cercar com 6 fiadas de arame de 2$00 o metro... as multiplicações e divisões com números de meter medo que nunca consegui entender para que serviam, nem hoje consigo..., a História de Portugal, 4 dinastias - Afonsina, de Avis, Filipina e Bragança - 34 Reis  com um ou mais Cognomes que nos obrigavam a fixar - D. Afonso Henriques o Conquistador, o Fundador, o Grande... D. Dinis o Trovador, o Lavrador, o Poeta, o Rei-Agricultor... D. Pedro I  o Justiceiro, o Cruel, o Cru, oVingativo, o Tartamudo, o Até-ao-Fim-do-Mundo, o Apaixonado..., D. Manuel o Venturoso ou Bem-Aventurado, D. Sebastião o Desejado, o Encoberto, o Adormecido...  Os nomes e as datas e quem comandava as tropas, de um lado e de outro, nas inúmeras batalhas contra os Mouros, Castelhanos, invasores Franceses, etc... Os Tratados, as Terras descobertas, as Conquistas... E a Geografia de Aquém e de Além-mar em África - as Linhas de Caminho de Ferro, as Serras, os Rios e afluentes... enfim!!! Uma loucura de matéria para crianças tão pequenas!!! Nem sei como não tinhamos esgotamentos...  Não tínhamos porque ainda não era moda essa doença, do foro psiquiátrico, que haveria de surgir anos mais tarde...
Sempre fui boa aluna, no entanto, a contas de uma malfadada conta de multiplicar também experimentei as carícias da Sra D. Palmatória  uma vez, uminha só... como já contei neste blogue. Nunca esqueci, mas já perdoei a injustiça...(se ainda continuo a falar dela é porque a coisa ainda não está bem resolvida..., diria hj o Psicólogo da Escola).
Havia alguns alunos que eram, diariamente, castigados porque ou erravam as contas, ou falhavam as Tabuadas,  esqueciam a data da tal batalha ou o afluente daquele rio no norte de Moçambique ou ainda porque não faziam a mais pequena ideia do percurso da linha de caminho de ferro de Benguela em Angola...  Quanto aos erros ortográficos - era uma palmatoada por cada erro...
Fiz exame de admissão ao Liceu e, em Outubro de 1963,  passei a frequentar o Liceu Nacional de Faro e a integrar a turma J onde era o nº 34.  No total eramos 39 alunas... Usávamos bata branca, com uma fita verde presa com 2 molas. ( era o distintivo do 1º ano... no 2º vermelha, 3º cor de rosa, 4º amarela, 5º azul que punhamos bem escuro para confundir com o preto que era a cor do 7º ... e o 6º era castanha.)Tive saudades da pequenês da minha Escola, saudades que foram passando à medida que me fui ambientando e criando novas amizades.
Nunca mais vivi 365 dias seguidos em Alcoutim... mas o cordão umbilical nunca foi, completamente cortado... Continuo presa, às raízes...