sábado, dezembro 25, 2010

ALCOUTENEJO, agora tb Cocktail...

 Adjectivo:
Alcoutenejo
Masculino/ Feminino
Singular
alcoutenejo - alcouteneja
Plural
alcoutenejos - alcoutenejas
Gentílico de:
 Alcoutim

Agora também  Cocktail:

Os meus sinceros PARABÉNS aos alunos do Curso de Restauração, variante Restaurante/Bar, da Escola Básica Integrada de Alcoutim.
Quero prová-los, todos...
“Pazes de Alcoutim”, “Alcoutenejo”, “Algarviano” e “Almareado"
 ... um de cada vez, claro!!!
Bem hajam!!!
presepio Pictures, Images and Photos

A todos os Alcoutenejos e leitores
deste blogue, desejo um
FELIZ NATAL e um ANO NOVO
 repleto de muita Saúde, Paz e Amor.


4 COCKTAILS - inspirados no concelho de Alcoutim


Decorreu na Casa dos Condes de Alcoutim, o lançamento de quatro cocktails inspirados no concelho.
Os protagonistas do evento foram os cinco alunos do curso de Restauração, variante Restaurante/Bar, da Escola Básica Integrada de Alcoutim.
O curso, de três anos, apresentou à comunidade alcouteneja o seu trabalho final, deixando aos comerciantes locais a sugestão de rentabilizar as novas bebidas, do ponto de vista turístico.

Os cocktails eram quatro, todos confeccionados a partir de produtos locais e regionais - "Almareado", "Pazes de Alcoutim", "Alcoutenejo" e "Algarviano". O "Almareado" acabou por se destacar. Feito com mel, laranja, aguardente de figo e amarguinha, o cocktail começará a ser confeccionado nos cafés e bares do concelho e associado à "marca" Alcoutim.
O presidente da Câmara Municipal de Alcoutim, Dr. Francisco Amaral, sublinha a importância destes cursos e refere, a propósito da formação profissional, que "é o caminho para contrariar o despovoamento do concelho. Ensina aos nossos jovens novas formas de investir e rentabilizar os nossos produtos".
Uma notícia de:
http://www.cm-alcoutim.pt/portal_autarquico/alcoutim

quarta-feira, dezembro 01, 2010

Tenho um AMIGO POETA

O meu amigo Poeta, de tanto me ouvir falar da minha terra não resistiu e foi conhecê-la...
Os seus versos, vêm provar que eu não minto... é uma terra linda, sim.
Não fui lá recebê-lo e tive pena, culpa dele porque me telefonou e disse:
_ Adivinha onde estou? E estava lá... em ALCOUTIM, a mais de 100 km da minha terra adoptiva: Albufeira.

Coitado, pobre de mim,
Que quando fui a Alcoutim
Não estavas a receber-me!
Andei lá pelo Castelo
Vendo o panorama belo
E tu não foste lá ver-me!

Mas gostei da tua terra
E das belezas que encerra
Dentro e fora das muralhas!
Estou em crer, por este andar,
Que ainda me hei-de mudar
Para lá com minhas tralhas!

Talvez que venha a encontrar
Num recôndito lugar,
Alguma Moura Encantada;
Ou simples alcouteneja
Que por sina, mal me veja,
Fique de alma enfeitiçada!

João

terça-feira, novembro 23, 2010

É bom viver em Alcoutim...

Alcoutim, hoje, é assim...
Excelente video que retrata bem - Alcoutim Século XXI
Parabéns CMAlcoutim.

domingo, novembro 21, 2010

P'ra matar saudades... vou lá!!!


De vez em quando lá tiro um dia para visitar Alcoutim, um dia qualquer de um qualquer mês do calendário. Gosto de lá ir num dia assim em que não se assinala nada, em que posso ver a vila como ela é, de facto.
Vou pela Via do Infante até Monte Francisco e depois pela Via Rápida até perto da Barragem de Odeleite. Aí chegada, ando um pouco para trás e do lado esquerdo apanho a estrada marginal para Alcoutim. Encontro Alcarias e depois Foz de Odeleite no concelho de Castro Marim e, pouco, depois entro no meu concelho. Gosto de ir por aí, por entre curvas e contra curvas com o rio ao lado... A paisagem é agreste, mas linda e única. A água corre de mansinho ora para cima, ora para baixo, consoante a maré enche ou vaza. Em dias de calor a visão do rio e dos montes que o ladeiam, o cheiro da esteva e o canto das cigarras arrebatam-nos os sentidos… São divinais as sensações que me invadem...
Quando era pequena esta estrada não existia. Ainda me lembro de ver chegar casamentos e funerais em pequenos barcos. O Rio era a única via de comunicação de que dispunham as pessoas das Laranjeiras, Álamo e Guerreiros do Rio.
Primeiro vejo o Castelo espanhol, depois Sanlúcar e só mais à frente, depois da curva consigo ver Alcoutim.  Começo a ver veleiros atracados, sinal de que já estou perto...muitas famílias estrangeiras elegeram o rio para nele viver e eu gosto de ver o colorido que dão ao rio. Sugerem-me belos passeios, mar além, mas fico-me pelo prazer de os ver ali já que do mar, tenho medo...
Chego e, regra geral, estaciono e vou molhar os pés no rio. Depois, subo a escadaria que me leva ao Quiosque fronteiro ao rio e sento-me na esplanada que me convida à madorra e contemplação...
Peço algo fresco e delicio-me... Ah, coisa boa!...
                                   

segunda-feira, novembro 15, 2010

A minha ESCOLA

Era assim a minha Escola...  dois edifícios simétricos... duas salas de aula. Em baixo, a residência da Sra professora. Os tempos eram outros, mas os professores até tinham casa...e  também recebiam, de vez em quando, uns ovitos embrulhados em papel de jornal, uma galinha caseira e umas batatitas ou feijão verde...
A Escola situava-se a nascente da Praça da República, o Rio ao fundo e Sanlúcar mais além. O nosso recreio era toda a Praça... na Rua do Município, do lado esquerdo a seguir à Câmara era a minha casa, inicialmente, porque depois mudámos para a casa nova , a poente da praça, pouco depois de o meu irmão nascer.
 Actualmente a Praça está diferente - mais moderna, mais acolhedora. As casas que a ladeavam foram dando lugar a edifícios mais altos. Restam apenas o Edifício da Câmara, a casa dos meus pais e a velha Escola que, há muito deixou de vibrar ao som dos risos e gargalhadas dos miúdos, dado que outra foi construída, há muitos anos, na parte de cima da Vila.
Não é só a Praça da República que está hoje mais bonita,  também a minha Escola foi recuperada, por  fora e por dentro, mantendo-se a traça de outrora.
Perco-me a olhar para ela... desfio muitas recordações boas e algumas menos boas - que também as houve...
Naquele tempo, como já disse noutro post, a régua trabalhava!!! Foi pena!... Não fosse isso e as reminiscências seriam, todas elas, divinais...
Há pouco tempo, em Setembro voltei a ver a minha primeira professora a D.Adélia. Uma boa professora, uma boa amiga que nos acompanhou ao longo de 2 anos. Dela guardo as melhores recordações desse tempo. no final da minha 2ª classe, como então se dizia, concorreu e foi viver para Olhão e eu senti-me um pouco abandonada...  Veio depois outra professora, a D. Mª Antónia, para o seu lugar vazio...
Era muito o que tinhamos que aprender nos últimos 2 anos da primária:
Matemática - saliento os terríveis problemas das torneiras que pingavam horas a fio e quanto mais pingavam maiores eram as contas..., as áreas daqueles terrenos enormes que só havia no Alentejo, e que muitas vezes tínhamos que cercar com 6 fiadas de arame de 2$00 o metro... as multiplicações e divisões com números de meter medo que nunca consegui entender para que serviam, nem hoje consigo..., a História de Portugal, 4 dinastias - Afonsina, de Avis, Filipina e Bragança - 34 Reis  com um ou mais Cognomes que nos obrigavam a fixar - D. Afonso Henriques o Conquistador, o Fundador, o Grande... D. Dinis o Trovador, o Lavrador, o Poeta, o Rei-Agricultor... D. Pedro I  o Justiceiro, o Cruel, o Cru, oVingativo, o Tartamudo, o Até-ao-Fim-do-Mundo, o Apaixonado..., D. Manuel o Venturoso ou Bem-Aventurado, D. Sebastião o Desejado, o Encoberto, o Adormecido...  Os nomes e as datas e quem comandava as tropas, de um lado e de outro, nas inúmeras batalhas contra os Mouros, Castelhanos, invasores Franceses, etc... Os Tratados, as Terras descobertas, as Conquistas... E a Geografia de Aquém e de Além-mar em África - as Linhas de Caminho de Ferro, as Serras, os Rios e afluentes... enfim!!! Uma loucura de matéria para crianças tão pequenas!!! Nem sei como não tinhamos esgotamentos...  Não tínhamos porque ainda não era moda essa doença, do foro psiquiátrico, que haveria de surgir anos mais tarde...
Sempre fui boa aluna, no entanto, a contas de uma malfadada conta de multiplicar também experimentei as carícias da Sra D. Palmatória  uma vez, uminha só... como já contei neste blogue. Nunca esqueci, mas já perdoei a injustiça...(se ainda continuo a falar dela é porque a coisa ainda não está bem resolvida..., diria hj o Psicólogo da Escola).
Havia alguns alunos que eram, diariamente, castigados porque ou erravam as contas, ou falhavam as Tabuadas,  esqueciam a data da tal batalha ou o afluente daquele rio no norte de Moçambique ou ainda porque não faziam a mais pequena ideia do percurso da linha de caminho de ferro de Benguela em Angola...  Quanto aos erros ortográficos - era uma palmatoada por cada erro...
Fiz exame de admissão ao Liceu e, em Outubro de 1963,  passei a frequentar o Liceu Nacional de Faro e a integrar a turma J onde era o nº 34.  No total eramos 39 alunas... Usávamos bata branca, com uma fita verde presa com 2 molas. ( era o distintivo do 1º ano... no 2º vermelha, 3º cor de rosa, 4º amarela, 5º azul que punhamos bem escuro para confundir com o preto que era a cor do 7º ... e o 6º era castanha.)Tive saudades da pequenês da minha Escola, saudades que foram passando à medida que me fui ambientando e criando novas amizades.
Nunca mais vivi 365 dias seguidos em Alcoutim... mas o cordão umbilical nunca foi, completamente cortado... Continuo presa, às raízes...

quinta-feira, outubro 28, 2010

A minha AVÓ ISABEL

Sempre a conheci assim, de negro vestida. Enviuvou antes de eu nascer e, posteriormente, perdeu o filho mais novo, o meu tio Vanderdil, com 35 anos de idade. Cem anos vivesse que sempre de preto se vestiria. O preto simbolizava a dor, a ausência, a saudade dos que haviam partido...marido e filho.
Quando era miúda adorava dormir com a minha avó, bem aconchegada a ela, aquecidas com as mantas de montanheco/de pura lã de ovelha e tecidas lá em casa no velho tear do meu avô Baltasar. Lembro-me dos Invernos ventosos, da chuva a bater nos telhados, das histórias de vida que me contava enquanto o sono não chegava.
Contava-me que o meu avô assinava um jornal que chegava ao monte pelo correio. Depois de passada a palavra de que o jornal chegara, toda a vizinhança confluía para o Castelo (era assim que se chamava a zona mais alta do monte) onde os meus avós moravam.
Mais tarde, seria outro o meio de comunicação que traria as pessoas ao castelo... um rádio comprado pelo meu pai, receptor de notícias faladas, sinal da evolução dos tempos.
Quando, anos mais tarde, fomos morar para Alcoutim e regressávamos ao monte, em visita, lembro-me de a ver, sempre, no canto do muro do quintal esperando por nós... Quando o carro passava a portela, os seus excelentes ouvidos davam conta e ela apressava-se a ir ao sítio onde a minha mente, mil vezes a visualiza... para ver se seriam os seus. Guardo esta imagem como se fosse ontem...

CONCEIÇÃO

Nem tu imaginas que posso guardar uma relíquia destas... Não sabia quem era a jovem desta foto. A verdade é que não me lembro muito de ti quando era miúda. Eu saí de Alcaria Alta por volta dos 5 anos e tu também te deves ter ido embora por essa altura. Foi agora, depois de nos termos reencontrado em Sta Marta de Corroios, que identifiquei esta foto. Sei, porque me disseste, que és visitante deste blogue e de todos os que falam de Alcaria Alta e de Alcoutim, Pensei então publicá-la, expressamente, para ti.
Ofereço-ta de coração!...

sexta-feira, outubro 22, 2010

Os meus Pais e Irmão em 1961

A minha mãe não gosta de se ver nesta foto, ela vai-me matar..., mas eu não tenho outra assim, antiga, onde eles estejam os três... Foi tirada por mim junto à Igreja, a dois passos da nossa casa pois residíamos onde é hoje o Restaurante Soeiro.

Fui filha única durante 8 anos, mas pedia constantemente aos meus pais que me mandassem vir um mano... Todas as minhas amigas tinham um irmão mais novo. A Zézinha e a Gracinha tinham irmãos, a Teresa tinha irmãs, a Angelina tinha os irmãos e os primos e eu... ninguém!... Pode parecer uma coisa sem importância, mas era grande a falta que ele me fazia... Tanto chateei... que lá me fizeram a vontade.

Foi na madrugada de 28 de Maio de 1961, que ele chegou. Não sei se a cegonha veio do norte ou se veio do sul. O que sei é que colocou-o, de mansinho, ali em cima do telhado da nossa casa. No 1º andar morava outra menina que também não tinha irmãos, a Fatinha, cujo pai era Guarda Fiscal Ela dormia até mais perto do telhado, mas foi para a minha casa que ele veio. Pensei que talvez ela não gostasse tanto dele como eu e, assim, ele escolheu-me a mim. O acordar dessa manhã trouxe-me uma alegria imensa e, mercê desse acontecimento, passei a ser a menina mais feliz do Mundo!...

Nessa época o dia 28 de Maio era feriado nacional - assinalava a revolta de 1926 que pôs fim à 1ª República Portuguesa. Portanto só a 29 eu fui para a escola. O coração batia apressadamente no meu peito e o contentamento era imensurável. Percorri esses 100 metros que me separavam da escola num segundo. Já tinha espreitado mil vezes para ver se tinham chegado cedo, pois era grande a pressa de poder dizer a todos que tinha um mano lindo lá em casa...
Consta que me esqueci da pasta em casa e tive que voltar para trás... mas finalmente era chegada a hora. Antes da Sra professora nos mandar entrar já eu tinha todos em volta de mim e acabava de organizar a 1ª excursão à minha casa...
_ Então vamos lá, com sorte a Sra Professora atrasa-se hoje... e lá fomos muitos, todos...
Abri a porta, a casa encheu-se de gente miúda a querer ver o benjamim da família, o mano tão desejado da amiga. A minha mãe, ainda a recuperar, estava meio adormecida. Quando entrámos, de rompante, no quarto ela despertou quase assustada e disse:

_ Santo Deus! Ó filha, mas tu trazes-me tanta gente para o quarto, olha que o menino acorda! Tínhamos combinado que seria mais tarde na hora do intervalo e nunca todos ao mesmo tempo...

_ Ó mãe, é só um instantinho...

Nesse dia mesmo o meu pai entra na Conservatória do Registo Civil ali ao lado e baptizou-o com o nome do meu avô paterno, Baltasar. "Esqueceu-se" de consultar a minha mãe, era uma coisa que tinha que ser feita depressa para que lhe pagassem ainda o abono referente a esse mês. Tinha que se apressar...Quando chegou a casa e disse à minha mãe que o nome do franzino bebé era Baltasar ela ficou zangada por 2 motivos:

1º - Não a havia consultado;

2º - Considerava que Baltasar era um nome grande para um bebé tão pequenino, não gostava do nome mas já não havia nada a fazer...

A partir daí e, para demonstrar a sua total discordância, passou a chamá-lo de Guerreirinho. Sempre era um nome "mais pequenino", apesar de conter mais letras... E foi assim que o meu irmão passou a ser chamado por toda a gente nos anos vindouros. Ainda hoje, em Alcoutim o chamam de Guerreirinho. Em família, já adolescente, passámos a chamá-lo de Baltasar (a gosto dele), inclusivé a minha mãe que hoje já gosta do nome. Eu gostei sempre, Baltasar era o nome do meu avô e além disso era também o nome de um dos Reis Magos do presépio...

E foi assim que passei a dividir o amor dos meus pais com um irmão muito desejado.

Ainda hoje adoro o puto!..

quarta-feira, outubro 20, 2010

Ontem FLOR do campo, hoje da cidade!...

Flor - É a minha única prima, em 1º grau, do lado paterno. Sempre a vi como uma irmã mais velha. Comungávamos do grande amor da nossa avó Isabel, que recordo com muita saudade, embora tenha perdido a contagem dos anos que já passaram, sem ela. No tempo da castanha havia sempre um presente para as netas vindo da feira de Castro. Mesmo que não fosse à feira, e nunca dei conta que ela fosse, arranjava sempre um vizinho que as trazia. Sempre que passo a Castro Verde, recordo a minha avó Isabel e o seu presente de castanhas.
A Flor era também, evidentemente, a única sobrinha do meu pai e filha da minha tia Maria Teixeira e do tio Afonso. Tínhamos outro tio, a quem já me referi neste blogue, que faleceu jovem. Felizmente a minha tia foi de boa cepa. Rumou à cidade grande e passa os dias a ver Tv e a fazer o seu crochet...
Esta foto, tirada pelo meu pai, como todas as antigas que aqui publico, retrata uma jovem bonita e feliz, em plena década de 60. Cintura de guitarra bem apertada... Eram bonitas as moçoilas serranas, nas quais me incluo!...
Para quem conhece a filha, as semelhanças são evidentes!

terça-feira, outubro 19, 2010

Um adeus dói sempre!...

Odília e Isabel em 1959 - Gostei de te abraçar, miúda!!!

Hoje foi um dia difícil porque são sempre dificeis os dias de dizer adeus a alguém, para sempre!... Há rasgos de muita saudade nestas alturas, saudades dos que vão e dos que já foram. Saudades das vivências que perduram nas nossas memórias mais recônditas e são recordadas aqui com uma prima, ali com um amigo de infância, além com alguém conhecido. Saudades dum tempo que se esfuma a cada dia e em cada amigo que parte...
Impreterívelmente, essas horas em que revivo o passado levam-me sempre à infância e causam-me um misto de alegria e tristeza. Alegria porque recordar é viver 2 vezes; tristeza porque a realidade, neste caso, é sempre sinónimo de ausências...
Hoje, o meu pai esteve ainda mais presente no meu pensamento... porque o João era um primo especial, por quem ele nutria grande estima. É nestes momentos de grande interiorização em que estamos ali pensando em tudo e em nada, aguardando sem relógio e sem pressas que conseguimos apreender o que afinal tem significado: os vínculos que unem as pessoas, as lágrimas sentidas, os pequenos gestos, os parcos dizeres...
E para finalizar, a certeza de que são consolo hoje, os sorrisos que nos aguardam, algures, no amanhã distante!...

quinta-feira, agosto 05, 2010

Obrigado, Sr António Rúbio, bem haja!...


Vindo do Porto, hoje ao princípio da tarde, apanhei um táxi à porta da gare do Oriente. Expliquei ao motorista para onde queria ir, e notei o seu sotaque, que me pareceu alentejano. Perguntei-lhe de que terra do Alentejo era, e o senhor disse-me que era algarvio, ao que eu respondi que por vezes a entoação da voz se confundia.Então ele disse-me que não era do Algarve das praias e dos turistas, que era do nordeste algarvio, de Alcoutim, terra onde nunca estive, mas que muitas vezes vi o desvio, no caminho do de V.R. de Santo António para Mértola, a caminho de Lisboa ou de Aldeia Nova de S.Bento, no Alentejo.Falou-me da terra e da figura do médico Dr. João Dias, agora à noite estava às voltas com twitters, FB e outlook express e lembrei-me de procurar a terra e o médico. Fui parar ao seu blogue e do sr. Varzeano, ficando encantado com todo o vosso amor à terra e ao personagem médico e à figura de seu pai.É tão bom que se mantenha a memória, das pessoas e das terras, das nossas infâncias e recordações.Bem hajam pelo que fizeram e que mais venham a fazer, parabéns!


De facto, é assim, tanto eu como o Sr José Varzeano temos um grande amor àquela terra, minha terra natal e dele terra adoptiva, mas muito amada. Não se comparam o meu blog e o dele... O meu é muito emoção/coração/sentimento, mas o dele são testemunhos, é património - riquezas de um povo.

Mas Alcoutim é assim, prende-nos... Quando for possivel desça até lá, vai ver que é uma terra linda e vai ver que vale a pena...

Vindo de VRSA entre na marginal, antes da barragem de Odeleite, sempre ao longo do Guadiana. É o Rio ali sempre ao lado e as paisagens que são agrestes, mas naturais e lindas. Vindo de Mértola, desça na nacional antiga e continue então pela marginal. De um lado ou de outro é sempre bonita.


Obrigado pela sugestão, quando fôr visitar um irmão que vive (...)perto, irei mais abaixo e espreitarei com atenção a vossa estimada terra.Vim muitas vezes de Cabanas de Tavira para Lisboa via Mértola e Vale de Mortos, para fugir ao trânsito da antiga estrada do Algarve, e via o desvio para Alcoutim.Também já vi artigos em revistas, sobre o desenvolvimento social e turístico da vossa terra.


Um "quase" diálogo de 2 pessoas que não se conhecem, mas que encontraram um ponto em comum: ALCOUTIM.

Obrigado Sr Rubio e visite-nos. Será sempre bem vindo.

quinta-feira, junho 10, 2010

25ª FEIRA DE ARTESANATO e ETNOGRAFIA - ALCOUTIM


Nos próximos dias 12 e 13 de Junho, tem lugar a 25ª Feira de Artesanato e Etnografia de Alcoutim e realiza-se mais uma vez no espaço envolvente da Praia Fluvial do Pego Fundo decorrendo entre as 16 e as 24 horas.
É uma verdadeira viagem ao passado do concelho e das suas gentes. Podemos ver os artesãos a trabalhar ao vivo e apreciar uma grande variedade etnográfica, usufruir de muita animação musical e da excelente gastronomia da região. De salientar as Tasquinhas típicas repletas de sabores divinais, misto de aromas da nossa gastronomia. São uma tentação aos olhos, um adoçar de boca e um consolo de alma... e a dieta, como sempre, recomeça na segunda feira!...

Na música, não quero de modo algum perder os Cottas Jazz Band que estarão presentes no sábado e também no domingo... (e ainda bem porque no sábado não posso ir... e sou mana dum dos cotas...), mas também actuam os Arranca Telhados...(?!), a Brigada 14 de Maio, os Balasom, Os Maltezes e José e Vitor Guerreiro...
Baile no sábado...e eu sem poder ir!!!
Tudo isto devemos agradecer à Associação A Moira, à Câmara Municipal de Alcoutim e à Caixa de Crédito Agrícola do Sotavento Algarvio.
BEM HAJAM!...

quinta-feira, junho 03, 2010

ANGELINA


1 de Junho, 9 anos...tantos!!! Sem ti...
O tempo passa, mas a saudade fica!
Porque morei em Faro de 1997 a 2008, reavivámos a nossa amizade de infância e passámos a estar juntas muito tempo. Um dia, vem a má notícia e por imperativos disso, ainda passámos a estar juntas mais tempo. A nossa amizade que já era grande, cresceu ainda mais e ela agarrou-se à vida porque a amava e eu agarrei-me ainda mais a ela porque não a queria deixar ir...

Foram 2 anos de luta intensa, mas quem a conheceu sabe da sua força e coragem. Ela nunca perdeu a fé, a esperança, nunca!...

Eu trabalhava na Escola Dr José Neves Júnior, que ficava a 5 minutos da casa dela e, ir fazer-lhe companhia era o que me apetecia a cada dia, ao final da tarde. E era isso que,quase sempre acontecia.

Não eram tardes de tédio, as nossas. Eram tardes agradáveis em que viajávamos pelo passado e pelas vidas de cada uma e projectávamos um futuro repleto de alegrias. Foi uma cumplicidade enorme. Deixámos de ter segredos, dividimo-los, repartimos alegrias e tristezas e assim nos apoiámos um dia e outro e outro...
Quando ela foi, foi um pouco de mim... ficou uma saudade imensurável, porque ela era assim, dáva-nos tanto que deixou um vazio enorme nas nossas vidas.
Sempre que se aproxima o 1º de Junho, relembro-a ainda mais... no passado mais recente, no mais distante, nas horas felizes da nossa infância...

Naquela tarde longínqua, havia pinturas em minha casa. Morávamos ali, onde é hoje o Minimercado. A D. Angelina/tia estava a ajudar a minha mãe nessa azáfama e nós, miúdas de 7 ou 8 anos, fomos brincar para o rio. Havia um canavial ali a montante, entre o cais velho e a foz da Ribeira dos Canaviais e foi aí que construímos uma Cabana com canas. Recheámo-la com as nossas bonecas, miniaturas de panelas de alumínio e um fogão, tudo acabadinho de comprar na feira de S.Marcos e preparámo-nos para brincar uma tarde inteira...
Ja fazia calor... De repente, ela começou a sentir comichões nos braços e nas pernas, por todo o corpo e, num ápice ficou cheia de babas em cada centimetro de pele. Muito vermelha ela, muito assustadas as duas... corremos para casa pedindo ajuda. Mal nos viram, a minha mãe e a D. Angelina logo perceberam que era uma grande alergia ao pó das canas. A toda a velocidade a minha amiga foi despida e metida dentro de um alguidar de zinco para onde deitaram água quente e quase meia garrafa de vinagre...
_ Vá, agora um banhito malcheiroso de água com vinagre...
No meio das nossas gargalhadas e molhadelas aquilo passou a ser a continuação da brincadeira interrompida. E eu a morrer de pena por não ter babas, para estar lá dentro também...
Rapidamente as babas esmoreceram e ela depressa ficou boa.
_ És alérgica ao pó das canas, menina. Não voltes lá.
_ E eu?
_Tu não és, está visto...

Recordar e viver 2 vezes, amiga!...

domingo, maio 16, 2010

Quatro bons amigos.


Dos presentes, quem não tem hoje cabelos brancos, é porque os pinta!!!
Só identifico 4... Passaram-se 40 anos, desde que foi tirada esta foto...


Em cima, à esquerda, de óculos - o Duarte.
Tenho saudades tuas, miúdo. Nunca mais soube de ti, que fazes, onde andas??? Recordei-te a vida inteira. Durante muitos anos trabalhei numa escola onde havia a Unidade de Surdos e para onde eram canalizados os miúdos de todo Algarve. Nem imaginas as vezes que me vieste à memória, nem os sorrisos silênciosos que me afloravam aos lábios, quando "te via" nesses miúdos, meus alunos... Perdi-te no tempo e no espaço, bem gostaria de te voltar a ver...
À direita, de olhos quase fechados(!!!), estou eu...
O fotógrafo, meu pai, bem podia ter esperado por melhor pose da sua filha...
Em baixo, "a minha parente" Candinhas por quem os meus pais e eu própria temos uma grande amizade e um carinho muito especial. Sempre nos tratámos assim...por parentes. Talvez isso quisesse dizer que, não sendo familiares, éramos quase...dado que a amizade que nos uniu e une, ainda hoje, é muito grande.
Por último, o Aníbal - nosso grande amigo e enfermeiro, à epoca. Ele continua igual. Tive o prazer de o encontrar no ano passado e de termos posto, um pouco, a conversa em dia.

Gosto de olhar as fotos antigas e descobrir semelhanças.
Gosto de recordar a minha meninice, os meus amigos.
Gosto de lembrar, como éramos todos tão amigos e tão felizes.
Gosto de ALCOUTIM, gosto mesmo!...

sexta-feira, maio 07, 2010

RIBEIRA dos CADAVAIS - Praia Fluvial de Alcoutim

PEGO FUNDO
Ribeira dos Cadavais há 40 anos...
Alguns dos meus amigos aprendiam a nadar aqui neste local ou um pouco mais abaixo onde fica hoje a ponte. Nunca tive essa sorte porque a minha mãe tinha um medo terrível que me afogasse. Devo ter sido das poucas miúdas que não aprendeu a nadar na ribeira!!!
Deste local em especial, ainda me lembro de ir com a Gracinha à horta apanhar laranjas e, no regresso, brincarmos aqui e apanharmos enguias minúsculas...
Mais tarde, já no Liceu, aprendi que as enguias adultas desovam no Mar dos Sargaços depois de uma longa viagem migratória com origem nos rios da Europa e da América. As larvas eclodem no mar e, após algum tempo, são levadas pela corrente do golfo e, já perto da costa, encontram os mesmos rios de onde vieram os seus progenitores. Sobem o rio e iniciam a vida adulta...
Recordei, nessa aula de Zoologia, a nossa " pescaria de enguias bebés" e pensei que só podiam ser cobras de água...
Senti um calafrio... se há bicho que me apavora, é cobra...

PEGO FUNDO
Ribeira dos Cadavais hoje...
Local de recreio e lazer, por excelência, é hoje a Praia Fluvial do Pego Fundo um dos maiores atractivos do concelho. Situada já próximo da foz com o Rio Guadiana, é uma praia de areia dourada bastante bem equipada com um vasto leque de infraestruturas e serviços.
Para além do apoio de praia com nadadores salvadores, bar, sanitários, duches, parque automóvel e acessos adaptados para deficientes, a Praia dispõe ainda de um parque de merendas, de parque geriátrico, campo de voleibol e uma área para actividades lúdicas e desportivas.( fonte C.M.A)
Um belo sítio para passar uma tarde em família... digo eu!...
Obs: A primeira foto foi tirada pelo meu pai/ João Baltazar Guerreiro, há mais de 40 anos...
A segunda foi retirada da Internet.

quarta-feira, março 03, 2010

Ao meu PAI


Foi em Março que partiste,
num dia triste
que nunca esqueço.
Deixaste o vazio
que deixam os pais quando partem.
Deixaste uma dor imensa
no meu coração de filha
que menina queria ser
para, de novo, te ter...

O tempo passa, Pai ...
Vem outro ano, chega outro Março

e eu, só queria poder abraçar-te...
apagar velas, beber champanhe
e festejar contigo
a vida que me deste.


Ironia do Destino...

No meu dia, falta-me agora o teu sorriso
e, nesta data, levo-te rosas em vez de beijos...
Como é grande e imensurável
a falta que tu me fazes!...
Estarás no Céu, certamente,
mas a Saudade ficou
no meu coração
ETERNAMENTE!...


..%%..
FOTO:
O meu Pai, o meu irmão e eu.
Teria os meus 9 anitos.
Esta foto foi tirada junto da Igreja Matriz em Alcoutim.
Reviver é viver duas vezes... diz-se!...

terça-feira, março 02, 2010

Como eu vivia as cheias do Guadiana...

Sempre senti um carinho muito especial pelo meu rio. Há dias passei por ele em Badajoz e não pude deixar de pensar que, apesar de o País ser outro, ele continua a ser um pouco meu... onde quer que com ele me cruze.
Os romanos chamaram-lhe Anas ao que os árabes juntaram uádi (a palavra árabe para rio) sendo então o Úadi Ana, abreviado para Ouadiana, depois Odiana e mais tarde Guadiana. Foi este importante curso de água o eixo do al Gharb al Andalus, que em árabe quer dizer o ocidente da Hispânia englobando, grosso modo, a Andaluzia hoje na Espanha e os nossos Alentejo e Algarve.
Estas 2 fotos são muito antigas, terão mais de 40 anos. Fazem parte do espólio de muitos negativos que o meu pai guardou nas suas gavetas e que guardo agora num CD.
Naquele tempo, o Guadiana mostrava-se assim... um rio calmo que corria tranquilamente pelos campos fora. Havia em Alcoutim alguns barcos de pesca, era via de comunicação e servia de fronteira. Tambem era morada de algumas famílias de pescadores, recordo-me de algumas familias que viviam nos barcos...


De vez em quando chovia bastante e, ele enchia, enchia... tapava o cais e subia. Beijava os pés da Casuarina, inundava-lhe o espaço e, algumas vezes que me lembre, empoleirou-se-lhe na copa.
Lembro-me de uma vez em que chegou aos degraus da minha casa (onde é hoje o minimercado), inundando também os degraus da minha Escola e a Capela de Sto António - minha vizinhança da frente...
A aflição dos nossos pais era enorme com o rio a subir, a subir...
Depois de algumas horas de angústia e de muitas orações também, as águas começavam a baixar. Os resíduos que ficavam - muitos galhos, canas e muita lama eram uma maravilha para nós. Calçávamos as botas de borracha pretas (hoje galochas coloridas, coisa bem mais chique), a miudagem divertia-se à grande porque até ser tudo removido, esperavam que a lama secasse, aquele era o centro das nossas brincadeiras. as nossas mães zangavam-se, a roupa ficava enlameada e os pés dentro das botas ficavam malcheirosos, brancos e franzidos...

Por me lembrar sempre disso, nunca comprei dessas botas aos meus filhos. Certo dia, já a minha filha era mulher, estávamos a ver uma montra onde estavam expostos vários pares de galochas coloridas. Com um ar nostálgico, disse-me que sempre guardara alguma mágoa por eu nunca lhe ter comprado umas, já que todas as amigas tinham... Tive uma vontade enorme de lhas comprar, mas agora era tarde.
Tinha passado aquele sonho de menina...