terça-feira, setembro 06, 2011

As Festas de Alcoutim já fazem 60 anos...

De facto o tempo passa e as festas de Alcoutim já fazem 60 anos...
As festas para mim e para as adolescentes da época, eram muito desejadas. Era quase a única alteração à rotina...Recordo-me de fazermos peditórios pelos montes, para ajudar nas despesas das festas. Era a população que contribuía com as prendas para a quermesse. Semanas antes começávamos a enrolar bilhetes, alguns com prémio mas a maioria em branco...

Decorávamos o recinto das festas e as ruas onde decorria a feira com bandeiras coloridas. Era o nosso trabalho dos serões que antecediam as festas - esticávamos fio sisal pelas ruas e íamos colando as bandeiras com cola feita de farinha, água e vinagre... uma cola caseira que desempenhava muito bem o seu papel, à falta de melhor. Todos participávamos nestas actividades e divertíamo-nos bastante. Era um trabalho feito pelas raparigas e rapazes da terra, em alegre cavaqueira e no meio de sonoras gargalhadas lá íamos enchendo metros e metros de fio...

Chegados que eram os dias de festa, havia muito trabalho na casa dos meus pais.
Das actividades decorrentes durante o dia eu não participava em tudo, como gostaria, pois tinha que ajudar os meus pais. Eram dias de intenso trabalho, numa casa que vendia tudo, inclusive electrodomésticos, mas o café era o que mais se vendia - eram toneladas de Café Montenegro/ do Sr. Nabeiro de Campo Maior, quando ele ainda estava longe de ser o grande empresário em que se transformou. A Espanha não produzia café e, como era um país fechado, também não o importava... Era ver as espanholas a colocar sacos de café por todo o corpo... algibeiras, pernas de calças, debaixo de cinta com que se apertavam para não parecerem excessivamente gordas....Só tinham autorização para transportar 1 kg de café, mas chegavam e esconder 7 ou 8...
Mas não se julgue que a feira me era interdita durante o dia... tinha sempre a possibilidade de me escapar e dar um saltinho à hora em que decorriam actividades a que mais me interessava assistir. Havia a travessia a nado, por norma sempre ganha por rapazes da terra, pois não é fácil nadar no rio para quem é de fora. Eu lá estava, à beira do rio, a incentivar e a gritar pelo nome dos os meus amigos...as regatas com os barcos de pesca da terra, os jogos de futebol entre portugueses e espanhóis, a feira que se espalhava pela praça e ruas limítrofes... eu aproveitava bem o tempo e sempre que podia eu lá estava!!!
Os fogos de artifício no rio sempre me pareceram os melhores do mundo e, mesmo depois de ver grandes espectáculos pirotécnicos, sempre achei que o fogo aquático, no Rio Guadiana, não tinha rival... mas do que eu gostava mesmo era do baile, à noite!!!
As variedades e o baile eram o culminar da azáfama diária e, apesar do dia de trabalho nunca me senti cansada e vivi sempre as noites a 100%.
Saí de Alcoutim aos 18 anos, e a partir daí passei a viver apenas os dias de festa propriamente ditos. No antes e no depois, deixei de participar com muita pena minha...

quinta-feira, agosto 11, 2011

ALCOUTIM e SANLUCAR...


Alcoutim e Sanlucar del Guadiana, comungam da mesma Fé!!!

Realiza-se no dia 15 de Agosto pelas 18:30, hora portuguesa, a tradicional procissão fluvial de Nossa Senhora dos Marinheiros que culmina a Semana Cultural de Sanlucar.
A imagem sai do cais de Sanlúcar e a ele regressa depois de dar uma volta pelo Rio Guadiana e fazer uma breve visita a Alcoutim.
A ATAS, Associação Transfronteiriça Alcoutim - Sanlúcar) convida a população a participar nesta tradicional cerimónia religiosa e apela aos proprietários dos barcos que os ornamentem com motivos festivos e incorporem a procissão.

Também as canoas irão participar do percurso e os iates de todas as nacionalidades ancorados no Rio, engalanados segundo a praxe naval, acompanharão o percurso um pouco mais afastados devido às suas dimensões.
Lá estarei…

quinta-feira, julho 14, 2011

ALCOUTIM - Marcha de Alcoutim - Grupo AL-BUHERA



Ontem à noite, na Praça da Republica em Alcoutim, actuaram os ALBUHERA. Este video, de Vitor Teixeira, deu-me a possibilidade de ver e ouvir, sem lá ter ido. Não é a mesma coisa, mas é muito bom!... Obrigado Vitor, bem haja!...

Já me referi, neste blogue, à Praça da Republica. É agora uma praça linda, diferente daquela que deixei para tras há 40 anos - é a praça onde morei - da janela do meu quarto eu via a vila vibrar...
Que saudade!!!
Nesta praça saltei, corri, esfolei joelhos e andei na velha escola em criança... Foi nela que adolescente me despedi de quem foi e veio e de quem partiu e não regressou jamais...foi o pulsar da vila e acho que ainda é...
O espectáculo aconteceu aqui - Actuação do Grupo de Cantares dos Balurcos e dos Albuhera. O " meu mais que tudo" - neste caso o benjamim dos meus pais com o seu acordeão. Ele adora lá ir, tb lá esfolou joelhos e essa calçada mil vezes pisada é, apenas e só, saudade do que passou a não volta mais!!!
Quem me dera também lá ter estado...

quarta-feira, junho 08, 2011

PERDIZ à ALGARVIA - As 7 MARAVILHAS da GASTRONOMIA

“Perdiz à Algarvia” passou à segunda fase das “7 Maravilhas da Gastronomia”
2011-4-11
No passado dia 07 de abril foram dadas a conhecer as 70 pré-finalistas da eleição das “7 Maravilhas da Gastronomia”.
Alcoutim conseguiu ser selecionado para a fase seguinte, com o prato “Perdiz à Algarvia”, que representa o município, a sua riqueza cinegética e as tradições gastronómicas locais e regionais relacionadas com a caça.
Desde os tempos primitivos que a caça constitui uma das atividades de sobrevivência do ser humano. O instinto de caçar está presente no homem, seja na sua forma original, na prática de desporto, ou como tradição. A caça representou, desde o Paleolítico, Idade Média e até os nossos dias, uma contribuição em carne muito importante para o regime alimentar das gentes da Serra, uma vez que os animais domésticos com exceção do porco) eram reservados para outros fins.
Coberta de floresta, esta zona sempre foi abundante em caça – coelhos, javalis, lebres, perdizes, etc. Ainda hoje, o concelho de Alcoutim é um dos municípios com mais zonas de caça do Algarve e do País, com 40 zonas de caça no seu território.
A perdiz vermelha é, durante os meses de outubro a dezembro, a espécie mais cobiçada pelos caçadores que nos visitam.
Pelos restaurantes do município encontram-se menus de caça, onde a perdiz tem a sua “montra” de destaque, sendo também alvo de promoção na “ Feira da Perdiz”, evento que se realiza todos os anos, no mês de outubro, na aldeia de Martim Longo.
A região do País com mais pratos eleitos é o Alentejo com doze, seguindo-se a região de Lisboa e Setúbal com nove. Esta primeira seleção foi realizada por um painel de 70 especialistas, de entre as 433 candidaturas apresentadas por diversas instituições regionais de todo o país.

Durante o próximo mês, o conselho reunirá para eleger as 21 finalistas, que serão votadas publicamente a partir do dia 07 de maio. Da lista constam pratos com elevada notoriedade, como o “Pastel de Belém” e o “Cozido à Portuguesa” (candidaturas apresentadas pela região de Lisboa e Setúbal), e outros, eventualmente menos conhecidos, como “Sopa de Castanhas” (região da Madeira) e “Cavaco Cozido com Molho Verde” (região dos Açores).
No decorrer da iniciativa será lançado um livro com as 70 pré-finalistas e, no final, um com as “7 Maravilhas da Gastronomia”. A par disso, está a ser preparado um guia gastronómico em parceria com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias.
As “7 Maravilhas da Gastronomia” serão reveladas no dia 10 de setembro em Santarém, cidade anfitriã do projeto.

http://cm-alcoutim.pt/portal_autarquico/alcoutim/v_pt-PT/pagina_inicial/noticias/peridz+segue.htm

domingo, fevereiro 06, 2011

Arte & Música BIG BAND - FESTAS de ALCOUTIM 2009, 2010...

Oi mano, mal te consigo ver embora ouça os acordes do teu acordeão. Aqui fica um pouco do que foi a v/contribuição para a animação das grandiosas FESTAS DE ALCOUTIM.
Em Setº 2011 há mais e eu...lá estarei por 2 motivos:
1 - Porque adoro lá ir.
2 - Porque vocês lá estarão,outra vez, digo eu.


segunda-feira, janeiro 17, 2011

BARCOS do Baixo Guadiana - em verso

Na sequência de uma entrada que postei em tempos, o João - o meu amigo Poeta,  brindou-me com estas lindas quadras, alusivas a essa exposição de barcos que sulcaram as águas do baixo Guadiana até finais dos anos sessenta, entre Mértola e Vila Real de Santo António.


A ver Navios!...

Tantos navios, que espanto,
Em tempos que já lá vão;
Ainda são hoje um encanto
Apenas na exposição!

Do primeiro, o Alcoutim,
Corre lá para emendares,
Põe lá “escaleres”, isso sim,
Em vez dos tais “ escalares “….

De Mértola, o “ Guadiana”
De carreira pontual,
Como que uma caravana,
Ia até Vila Real…

Hoje fiquei a saber,
Esta palavra: “ tresmalhos “
Pescava-se, está-se a ver,
Com as tais malhas e tralhos…

“Alforques”, o que seria?
Termo náutico, por certo,
Se é uma palavra algarvia
Só se usava ali por perto!

No “Carla” explicas bem,
Mas vê lá no que te metes,
Pois no “ Célia” também
As mesmas coisas repetes…

A “ Dora” era uma “ pateira”
Pois tinha menor “ calado”
A “ Nusca” era uma “bateira”,
“ Chata “ de casco achatado?!

O “Loulé”de Pomarão,
Andaria num vaivém
Hoje não há precisão
Há uma ponte, e ainda bem.

Havia o “ Guarda-Fiscal”
Que lá ia patrulhando,
A via fluvial
Por causa do contrabando!

Estava a “ Maria Balbina”
Que era uma canoa ou “ buque”
Que tinha vela latina,
Para o vento um velho truque.

Havia também o “Rafa”
Ainda nessas alturas, -
E que levava uma estafa
A transportar as verduras.

Vinha o “Rodrigo”, ou seja,
“Palangres” pesca ao anzol,
Com vento era à “ carangueja”
Se não – remadores de escol!

Vem depois o “ Romanita “
Nesta lista, bem no meio,
Vela latina, bonita,
Que era o barco de correio.

“Lucília”, ao que quis parecer,
Era uma lancha com arte;
“Pesca rede da colher”
Não havia noutra parte!

“ Paula “ de vela latina,
Levava toda a semana,
Gente e coisas, por rotina,
Lá no baixo Guadiana.

Eu de velas já estou farto,
Mas p’ra transporte a granel
Era o tal “Buque”– o “ Lagarto”
Do Sr. Henrique Miguel.

O Manuel Rocha quis ter,
Outro de vela latina,
Com o nome da mulher,
A “Maria Alexandrina”.

E para “pesca ao candeio”
Para a tainha “ alvorar “
Os do “ Lino “ sem receio,
Espetavam-lhe o “ Chalavar”.

O “ Boa Esperança “, outro “buque”,
Para o dono era um tesouro,
Pôs-lhe seu nome, sem truque,
O Esperança de Almada de Ouro.

A remo ou “ à carangueija”
Era o “ Zé Marujo “ assim,
Vende peixe a quem deseja,
Vindo de Castro Marim!

O “ Pé Leve “ – tapa esteiros,
Nas águas das enseadas,
Com os peixes prisioneiros,
Enchiam-se as cabazadas.

Ó “ Campino “ ainda perduras,
Apesar de hoje haver ponte?
Levas gente e viaturas,
Ainda para Ayamonte?

E para o cerco à sardinha
Existia o “ Agadão “,
Metia muita gentinha
Que era um grande “galeão”.

“ Paulo Mira “ – o “enviado”.
Pois fazia a ligação,
Descarregando o pescado
Que vinha no galeão.

O “ Jorge “ outro galeão,
No arrasto utilizado,
Ficou a ser arrastão,
Por “chatas” auxiliado.

Era um “ xaveco”, o “Nordeste”
Barca com poucos a bordo,
Mais usado no sudeste
Nas praias do Monte Gordo.

Boa amiga, onde aprendeste?
Deste outro erro infeliz,
- Arte “chávega” escreveste,
Mas vai ver, pois é com XIS.

“ Escalares”, para apoiar,
Já disse que é outro erro,
Para “ escaleres “ vai mudar,
Caso contrário, ainda berro!

Finalmente estão as “chatas”
Também ditas de “ bateiras”
Só não quero que me batas,
Por te emendar nas asneiras!

“S. Macário”, triste sina,
Na canção não se salvou…
E o “ Maria Cristina”
Sem as Minas, acabou!

Também eu vou terminar
Esta tremenda empreitada;
Foi só p’ra te contentar,
Não vai servir p’ra mais nada!

Gosto de bom Português
E por isso aqui me bato,
Não vás dizer desta vez
Que também eu sou um “ chato “…


Um beijo minha querida amiga
João


Bem hajas pela tua amizade e carinho e também por gostares da minha terra.
Obrigado/ Odilia
http://robinsoncrosoe.spaces.live.com

"FUE en SEVILLA" de SAMARINA

Muitas das minhas recordações de infância e adolescência estão ligadas também a SANLUCAR do GUADIANA. Cresci convivendo com eles e tenho um carinho especial por este povo que é uma extensão do meu. A música de Espanha teve, desde sempre, muita influência em mim. Nunca consigo ficar quieta, ao som dumas SEVILHANAS!!! Nas festas de Alcoutim, no dia dedicado a Espanha, estou sempre lá para assistir aos espectáculos de danças de Sevilhanas e Flamenco no Castelo.
Las manos de la chica son como dos palomas... que belleza, parece que estan flotando... Es la sevillana mejor bailada que he visto. Se te ponen los pelos de punta al verla... Pero la música...ohh! Además la bailan con una pasión...puff. À parte de la técnica, se les nota el arte que tienen ambos.  

Muy bonita esta sevillana, la compenetracion de los dos es como se debe bailar,bailas fijado en tu pareja sin importarte lo que ocurra a tu alrededor, es como hacer el amor pero con la ropa puesta... Viva Espana!...Sanlucar del Guadiana!... Su gente, su musica, su pasion, su alegria por la vida!