domingo, dezembro 07, 2008

OS BARCOS do BAIXO GUADIANA


Em 2007, pude admirar com surpresa, no Mercado Municipal de Faro, uma exposição de réplicas de vários modelos de barcos e respectivas actividades, que sulcavam nas águas do baixo Guadiana até finais dos anos sessenta, entre Mértola e Vila Real de Santo António.
A exposição era da autoria de José Murta Pereira natural da Povoação de Guerreiros do Rio, freguesia e concelho de Alcoutim.

ALCOUTIM
Navio de carga, pertencente à Sociedade Geral, Companhia União Fabril, equipado com dois escalares, para em caso de naufrágio, serem lançados à água para salvamento das tripulações.

GUADIANA
Barco da carreira de Mértola, de transporte de mercadorias diversas que fazia a ligação entre esta vila e Vila Real de Sto. António.

CARLA
Lanchas de pesca da rede dos tresmalhos. Estas lanchas normalmente pescavam duas a duas, com dois panos de rede cada, com cerca de 30 metros e que eram interligados pelas tralhas das redes entre si e aos alforques nas extremidades.

Barcos de Penha de Águia (Povoação)
CÉLIA
Lancha de pesca da rede dos tresmalhos. Estas lanchas normalmente pescavam duas a duas, com dois panos de rede cada, com cerca de 30 metros e que eram interligados pelas tralhas das redes entre si e aos alforques nas extremidades.

DORA
Pateira, pequena embarcação de popa fechada e pouco calado, permitindo navegar com dois a três palmos de profundidade, desempenhando tarefas que outras embarcações não conseguiam, devido ao seu maior calado.

Palanqueira (Povoação)
NUSCA
Chata ou bateira, que servia de apoio às embarcações de maior tonelagem e também muito usada pelos moleiros dos moinhos movidos a água, dos afluentes do rio e nos açudes a montante de Mértola

Pomarão (Povoação)
LOULÉ
Uma das três lanchas, com cerca de 7 metros de comprimento, que se dedicava ao transporte de pessoas entre as duas margens do rio.

GUARDA – FISCAL
Lancha da secção da Guarda – Fiscal de Alcoutim, que tinha como missões principais: patrulhamentos via fluvial, rondas às guarnições dos postos da sua área e rondas oficiais.


MARIA BALBINA
Canoa de vela latina, porão aberto e duas cobertas (uma à frente e outra a ré) que fazia os mesmos serviços de outras canoas e buques existentes no Baixo Guadiana naquela época.

Montinho das Laranjeiras (Povoação)
RAFA
Bote com cerca de 4m, utilizado em pequenas tarefas, como a assistência aos barcos de carga, pequenas deslocações a povoações vizinhas, recolha de produtos agrícolas, frutícolas e hortícolas criados nas várzeas, junto ao rio,...

Laranjeiras (Povoação)
RODRIGO
Lancha dos palangres (pesca ao anzol). Deslocava-se a remos ou de vela à “carangueija”, quando o vento soprava. As espécies capturadas estavam em função da isca que era colocada no anzol.

Guerreiros do Rio (Povoação)
ROMANITA
Canoa de vela latina, mais conhecida pelo barco do correio, pelo facto de ter como missão prioritária a recolha e distribuição das malas do correio, entre Alcoutim e Vila Real de Sto. António.

LUCILIA
O Rio Guadiana era o único do país que possuía esta arte, a qual era conhecida no seu conjunto, como a lancha de pesca da rede da colher. Dedicava-se fundamentalmente à pesca da taínha e muge, embora capturasse outras espécies. Em todo o Baixo Guadiana existiam muitas destas lanchas.

PAULA
Lancha de vela latina, para transporte de pessoas e pequenas mercadorias, entre as várias localidades do Baixo Guadiana.

Álamo (Povoação)
LAGARTO
Buque barco de vela latina, de transporte de mercadorias para abastecimento das povoações marginais. Este barco tinha aproximadamente 17 metros de comprimento e carregava até 20 toneladas. Era propriedade do Sr. Henrique Miguel, natural do Monte do Álamo.

Foz de Odeleite (Povoação)
MARIA ALEXANDRINA
Canoa de vela latina, de transporte de mercadorias diversas, destinadas ao reabastecimento das populações marginais ao rio. Pertencia ao Sr. Manuel da Rocha e que tinha o nome da sua esposa.
LINO
Lancha de pesca ao candeio. Esta pesca fazia-se nos meses de Verão quando as águas estavam mais quentes e límpidas, dando origem a que os peixes, taínhas e mugues, alvorassem (viessem à superfície) e entrassem na zona iluminada pelo candeio, ao alcance do pescador, que dispunha de uma fisga ou chalavar de cabo extensivo.

Almada de Ouro (Povoação)
BOA ESPERANÇA
A este barco de vela latina, buque, foi-lhe dado o nome de Boa Esperança, por o seu proprietário se chamar Esperança. Era natural de Almada d’Ouro, onde residia e desempenhava as várias tarefas como todas as canoas e buques que operavam no Baixo Guadiana.

Castro Marim (Vila)
ZÉ MARUJO
Lancha de vela à carangueija ou a remos que se deslocava de Castro Marim, rio acima a vender o peixe às populações marginais ao rio.Os marujos de canastra à costas caminhavam para as povoações do interior a vender porta a porta o seu pescado

PÉ LEVE
Lancha do tapa esteiros, nos afluentes do rio e nas enseadas. Esta pesca nas enseadas consistia em fazer o cerco quando a maré atingia o seu ponto mais alto. O mesmo acontecia nos afluentes do rio. Esperava-se depois que a maré baixasse para retirar o peixe que ficava cercado pelas redes.

Vila Real de Sto. António (Vila)
CAMPINO

Um dos barcos que ainda sobrevive a fazer a ligação entre Vila Real e Ayamonte, no transporte de viaturas e pessoas, nesta altura já pouco procurado. Foi adquirido no Montijo, há cerca de sessenta anos e no de4correr do tempo foi submetido a várias transformações.

AGADÃO
Galeão, antigo barco de pesca do cerco à sardinha, hoje designado por traineira. Estes barcos tinham para a sua faina uma campanha de vinte a trinta homens, altura em que todas as actividades eram feitas com a força e habilidade dos seus intervenientes. Dispunha ainda de uma pequena chata como auxiliar das fainas piscatórias.

PAULO MIRA
Barco que fazia a ligação no transporte do pescado entre o galeão e o porto de descarga. Daí lhe veio o nome de enviada.

JORGE
Galeão, barco de pesca ao arrasto, sendo que mais tarde lhe foi dado o nome de arrastão.Tinha como auxiliar nas fainas uma chata ou bateira.

NORDESTE
Barcaça da arte chávega. Havia alguns em em Vila Real de Sto. António, mas era em Monte Gordo que mais se encontravam, dadas as características da costa para este tipo de pesca. A rede era lançada paralelamente à praia e em seguida arrastada contra a areia pela força do homem.

Barcos de apoio:
ESCALARES (Salva vidas)Dois que fazem parte do Navio de Carga ALCOUTIM

Chatas ou BateirasDuas pequenas embarcações, auxiliares de manobras na faina da pesca, do cerco à sardinha e na pesca do arrasto.

E quem não se lembra do São Macário e do Maria Cristina que desciam o Guadiana carregados de minério das Minas de S. Domingos e subiam-no para descarregar guano antes das sementeiras?!...
As descargas dos porões eram uma azáfama para os adultos e uma delicia para nós,os miúdos, porque animavam o cais e traziam movimento à vila!
Belos tempos!...

2 comentários:

zeladorpublico disse...

Estive lá à pouco tempo...passei de barco para o outro lado, foi engraçado..estive também nas festas de Alcoutim, no dia em que actuaram os irmãos verdades..gostei mto daquela frente ribeirinha, onde se estava a assar a carne..já conhecia Alcoutim, mas fiquei a gostar mais..

Lc disse...

Olá, não podia deixar passar a oportunidade de desejar um Santo e Feliz Natal, bem como um próspero Ano Novo.