domingo, setembro 30, 2012

Panela (?) de barro algarvia § Tagine marroquina


1 - " Tagine da minha avó Isabel
Não sei como a minha avó chamava a este recipiente, mas ainda me recordo de a ver cozinhar aqui, no fogo de chão ao lado do forno, na rua... Demorava horas, a cozer em lume lento... o repolho e demais legumes da horta, a suculenta carne do porco criado na pocilga, o chouriço preto e vermelho....  Desta lenta cozedura resultava sempre uma carne muito tenra e suculenta, soltando-se dos ossos, um cozido muito saboroso e muito bem aromatizado com cominhos... sabores de outrora que me fazem salivar...
A tampa possui uma espécie de maçaneta no topo, que facilita a sua remoção. Durante a cozedura, a tampa pode ser levantada sem a ajuda de pegas, permitindo verificar os ingredientes, adicionar vegetais, mexer e adicionar líquido, caso seja necessário.
É um testemunho histórico e representa bem a arte islâmica de olaria deixada pelos árabes por terras do sul...
Nunca vi outra igual, assim com tampa, a não ser a que se segue abaixo, mas que é actual... 

2 - Tagine - origem Marrocos
Esta é nova, comprada em Marraquexe ha uns anos.
Tajine ou tagine (em Árabe: طاجين) é um prato gastronómico tradicional em diversos países árabes do norte de África , oriundo de Marrocos. É também o nome desta panela especial utilizada na sua confecção, que é feita com barro cozido, pintado ou envernizado. 


3 - Escaparate com pratos antigos

  
Todas estas peças, excepto a Tagine nova, decoram a minha "Casa do Monte"...a que foi dos meus avós paternos e preservo com muito carinho.
Quando lá vou...regresso cheia de energias positivas e completamente revigorada!!!

sábado, setembro 29, 2012

Meu pai... sempre recordado. Obg JV

Não posso deixar de publicar aqui este post do AlcoutimLivre. Sempre que encontro o nome do meu pai fico extremamente comovida e agradecida a quem ainda o recorda, passados que são 13 anos desde a sua partida... Obrigado, JV. Bem haja!!!
(PUBLICADO NO JORNAL DO ALGARVE DE 3 DE JULHO DE 1986)

Realizou-se em 15 de Junho, no Parque Desportivo da Verdizela, cedido pela Câmara Municipal de Setúbal, o VI Convívio dos Naturais do Concelho de Alcoutim.
Depois de um início titubeante, como é natural, os“Convívios” têm vindo a aumentar de ano para ano, tanto no número de convivas como no seu programa, constituindo uma assinalável manifestação de bairrismo.
Provas de atletismo, campeonato de malhas, corridas de sacos e futebol de salão, no aspecto desportivo, uma exposição fotográfica sobre o concelho, de autoria do alcoutinense, Dr. João Dias e uma palestra sobre o livro “Alcoutim, Capital do Nordeste Algarvio”, pelo autor, Ascensão Nunes, constituíram a parte cultural.
Sardinhas e febras assadas na brasa, além de merendas do concelho e das redondezas da capital, originaram o tradicional convívio a que se seguiram as “variedades”.
Foi calculada a presença de mil e duzentas pessoas, com algumas centenas vindas do concelho.
Presente, a convite, Duarte Moura, autor de um recente livro de contos intitulado “Guadiana” e onde alguns retratam a vila e arredores e os seus costumes.
Duarte Moura exerceu a actividade em Alcoutim, por volta da década de trinta.
Presença indispensável e habitual foi a do Presidente da Câmara, Manuel Cavaco Afonso e de outros autarcas.
Fez-se venda do livro “Alcoutim, Capital do Nordeste Algarvio”, autografado pelo autor, cujo produto reverteu a favor da novel Associação de Bombeiros de Alcoutim.
Pequena nota
Estive presente neste convívio a convite do agora colaborador do AL, Eng. Gaspar Santos que teve a amabilidade de me conduzir ao mesmo.Tive então oportunidade de conhecer o trocar impressões com Duarte Mouro e lembro-me de também ter sido nesse local que estive pela última vez com João Baltazar Guerreiro que tinha ido ao “Convívio” com o Dr. João Lopes Dias. 

quinta-feira, setembro 27, 2012

Já tinha uma amiga, ganhei uma prima....

Há coisas engraçadas...
Em 2001 conheci na Escola Dr José Neves Júnior em Faro a Maria Teixeira, que ainda hoje é uma das minhas grandes amigas. Uma amiga daquelas que entram na nossa vida e não saem dela... Conversa vai, conversa vem e ela diz:
_ Como és de Alcoutim, deves conhecer uns primos que tenho em Martinlongo - O Zé Rosa o dono da Serralgarve/Panificadora...
_Pois claro. Conheço-o desde miúda e sempre o ouvi tratar o meu pai por parente e viceversa... se calhar ainda somos primas, queres lá ver?!...
_ Olha que era uma grande coincidência...
A conversa ficou por aqui e, ao longo dos anos, sempre regámos e adubámos a amizade nascida naquela escola... porque houve empatia, porque estas coisas não se explicam, em cento e tal professores, amizade como esta, foi só com ela...
 
Hoje, 3 gerações da família - avó, filha e netos levantámo-nos cedinho e fomos a Alcoutim, com o intuito de conhecer e fotografar as minhas terras que, não sendo grandes propriedades, são minhas embora lhes desconheça os limites. Isto porque há viver e morrer e quem sabe bem das coisas é a avó.
A minha amiga Maria que está, desde há 2 dias, aqui comigo acompanhou-nos. Em Martim Longo, depois do cafézito para relaxar e abrir a pálpebra, lá fomos à Serralgarve comprar o pão fresquinho... que é como quem diz - o pão quentinho!!!  
O objectivo era ver também o dito primo da Maria... Chegadas lá, feitos que são os cumprimentos, volta aquela conversa, em "maturação", há muitos anos.
_Ó José Rosa diga-me cá uma coisa: Você e o meu pai chamavam-se de parentes por que eram mesmo parentes, primos, familia ou...nada??
_ Tratávamo-nos assim porque o meu avô e o avô do teu pai eram primos direitos.
_ Então a minha avó era Isabel Teixeira, aqui a minha amiga é Maria Teixeira, você é primo da minha avó e da Maria logo, eu e ela...
_ Logo, tu e ela são primas...
 
Se não existe o acaso,obrigatoriamente, tudo no Universo está determinado, isto é, tem um propósito. Assim, conclui-se que, não foi por acaso que nos encontrámos e houve logo empatia no meio de cento e tal colegas de trabalho, empatia essa que nasceu, cresceu e por aí vai.. como diz o outro há uma linha que nos separa, mas neste caso há um elo que nos une...
Desde essa altura e, sem sabermos do parentesco, descontamos para o lar da Casa do Professor...Portanto, 2 simpáticas primas velhinhas sempre, sempre... até no LAR!!!

quinta-feira, setembro 13, 2012

Dr João Lopes Dias - Alcoutim

 


No dia 5 do corrente, a Câmara Municipal de Alcoutim homenageou o Dr. João Lopes Dias (1932-2007), médico e benemérito de Alcoutim.
O Dr João Dias foi um grande médico e um grande amigo do meu pai e vi-o pela ultima vez lá em casa quando o meu pai já estava muito doente. Saíu do quarto com lágrimas nos olhos, percebi quão dificil foi, para ele, rever o amigo naquelas circunstâncias.
Sempre o respeitei e admirei muito desde pequena, tal como à esposa D.Vic como, carinhosamente, lhe chamávamos. Pesa-me na consciência um pedido que me fez e que eu não cumpri - " Tens que escrever mais vezes para o nosso jornal"...
Lembro-me de 2 bons conselhos que me deu, em miúda:
_ Chocolate? Não abuses, menina. Come-o com pão faz menos mal e sabe maravilhosamente. Aprendi assim, a comê-lo com pão e ainda hoje acho que é uma delícia...
_Estuda Maria Odília, porque um curso é a melhor herança que os teus pais te podem deixar. (Chamava-me assim e eu gostava. Era das poucas pessoas que me chamava pelos 2 nomes...)
Segui estes 2 conselhos - ainda hoje como chocolate com pão e tirei o meu curso. Foram palavras sábias, aquelas, que hoje recordo.
Curiosamente a minha filha foi, no ano lectivo 2010/2011, professora de Português do neto - o filho do João. Lá do céu, decerto, ele viu e ficou contente...
Obrigado, Doutor, por isto e por tudo o mais!...
 
Leia mais aqui:
 

Alcoutim... casario de paredes brancas.

 
Onde há  terra mais linda, assim, espelhada no rio?