Hoje é DIA MUNDIAL da FOTOGRAFIA
Graças ao gosto que o meu pai sempre teve pela fotografia, aprendi muito cedo a magia do surgimento da minha cara no papel...
Divertia-me imenso. Aquele pequeno laboratório, lá de casa, fez as delícias da minha infância.
Adorava ajudar o meu pai. Primeiro fechávamos todas as janelas e portas. Nada de luz podia entrar. O ideal será de noite, dizia-me ele, mas eu preferia que fosse de dia, porque de noite estaria a dormir.
Para começar tínhamos alguns reservatórios com produtos químicos que o meu pai colocava, em sequência, em cima da bancada. O primeiro era o revelador, para mim o super mágico... era este químico que fazia aparecer a imagem que, de início, mal se via. O meu pai ía banhando suavemente e fazendo dançar para um e outro lado, o papel e, quando a imagem estava como ele queria, rápidamente, antes que escurecesse muito e ficasse preta, o meu pai mergulhava a foto no reservatório seguinte, que continha outro químico diferente. Este segundo tinha a capacidade de interromper a revelação da fotografia. Caso isso não fosse feito, o revelador continuava agindo até escurecer a fotografia por completo. O primeiro era uma solução alcalina, o segundo era um ácido para interromper o processo. Poderia ser vinagre, dizia o meu pai... mas acho que não era. Não guardo o cheiro do vinagre, naquela empreitada toda. Era outro qualquer de que não retive o nome.
Havia um terceiro reservatório com um fixador que retirava os vestígios dos cristais de prata dos químicos anteriores e, por ultimo, a lavagem.
Quando nos aproximávamos desta etapa, eu... sempre de pé... enchia o peito de ar e esperava, impacientemente, que o meu pai mergulhasse a foto no "meu" reservatório. Era o que continha a água... Era só aqui que eu entrava, esta etapa final era a minha função. O meu pai costumava dizer-me, para me animar, que o meu líquido era tão importante como os outros, mas nunca me convenceu... Como?... se o meu líquido era água e saía ali da torneira da cozinha e os outros vinham em frascos e eram comprados, em Beja?...
Mas continuando...
Com a foto mergulhada na água, e eu radiante, fazia-a andar de um lado ao outro, passava-lhe os dedos por cima e sentia-os escorregar... depois de algum tempo, de enlevo, de alegria e felicidade..."acariciando-a e mimando-a" de coração cheio, deliciando-me com aquilo...
O meu pai que, entretanto, já iniciara com outra foto as etapas antecedentes e estava "quase a chegar"... dizia-me: agora já chega de banho, já podes pendurá-la...
Aí eu levantava-me, pegava numa mola de roupa e, colocava-a presa pelo canto, numa corda que tínhamos, antecipadamente, preparado para o efeito.
Aquela imagem das fotos penduradas, ainda perdura em mim.
De entre todas, as que me passaram pelos deditos, a que mais gosto é desta...
Estas palavras são uma homenagem ao meu Pai, o primeiro fotógrafo/mágico que conheci... e que me ensinou tanto, tanto do que hoje sei e as minhas memórias de menina ainda guardam.
Divertia-me imenso. Aquele pequeno laboratório, lá de casa, fez as delícias da minha infância.
Adorava ajudar o meu pai. Primeiro fechávamos todas as janelas e portas. Nada de luz podia entrar. O ideal será de noite, dizia-me ele, mas eu preferia que fosse de dia, porque de noite estaria a dormir.
Para começar tínhamos alguns reservatórios com produtos químicos que o meu pai colocava, em sequência, em cima da bancada. O primeiro era o revelador, para mim o super mágico... era este químico que fazia aparecer a imagem que, de início, mal se via. O meu pai ía banhando suavemente e fazendo dançar para um e outro lado, o papel e, quando a imagem estava como ele queria, rápidamente, antes que escurecesse muito e ficasse preta, o meu pai mergulhava a foto no reservatório seguinte, que continha outro químico diferente. Este segundo tinha a capacidade de interromper a revelação da fotografia. Caso isso não fosse feito, o revelador continuava agindo até escurecer a fotografia por completo. O primeiro era uma solução alcalina, o segundo era um ácido para interromper o processo. Poderia ser vinagre, dizia o meu pai... mas acho que não era. Não guardo o cheiro do vinagre, naquela empreitada toda. Era outro qualquer de que não retive o nome.
Havia um terceiro reservatório com um fixador que retirava os vestígios dos cristais de prata dos químicos anteriores e, por ultimo, a lavagem.
Quando nos aproximávamos desta etapa, eu... sempre de pé... enchia o peito de ar e esperava, impacientemente, que o meu pai mergulhasse a foto no "meu" reservatório. Era o que continha a água... Era só aqui que eu entrava, esta etapa final era a minha função. O meu pai costumava dizer-me, para me animar, que o meu líquido era tão importante como os outros, mas nunca me convenceu... Como?... se o meu líquido era água e saía ali da torneira da cozinha e os outros vinham em frascos e eram comprados, em Beja?...
Mas continuando...
Com a foto mergulhada na água, e eu radiante, fazia-a andar de um lado ao outro, passava-lhe os dedos por cima e sentia-os escorregar... depois de algum tempo, de enlevo, de alegria e felicidade..."acariciando-a e mimando-a" de coração cheio, deliciando-me com aquilo...
O meu pai que, entretanto, já iniciara com outra foto as etapas antecedentes e estava "quase a chegar"... dizia-me: agora já chega de banho, já podes pendurá-la...
Aí eu levantava-me, pegava numa mola de roupa e, colocava-a presa pelo canto, numa corda que tínhamos, antecipadamente, preparado para o efeito.
Aquela imagem das fotos penduradas, ainda perdura em mim.
De entre todas, as que me passaram pelos deditos, a que mais gosto é desta...
Estas palavras são uma homenagem ao meu Pai, o primeiro fotógrafo/mágico que conheci... e que me ensinou tanto, tanto do que hoje sei e as minhas memórias de menina ainda guardam.
Cresci, mas a minha admiração, por ti, não diminui!...
... nem o Amor que te tenho!...
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