domingo, dezembro 07, 2008

OS BARCOS do BAIXO GUADIANA


Em 2007, pude admirar com surpresa, no Mercado Municipal de Faro, uma exposição de réplicas de vários modelos de barcos e respectivas actividades, que sulcavam nas águas do baixo Guadiana até finais dos anos sessenta, entre Mértola e Vila Real de Santo António.
A exposição era da autoria de José Murta Pereira natural da Povoação de Guerreiros do Rio, freguesia e concelho de Alcoutim.

ALCOUTIM
Navio de carga, pertencente à Sociedade Geral, Companhia União Fabril, equipado com dois escalares, para em caso de naufrágio, serem lançados à água para salvamento das tripulações.

GUADIANA
Barco da carreira de Mértola, de transporte de mercadorias diversas que fazia a ligação entre esta vila e Vila Real de Sto. António.

CARLA
Lanchas de pesca da rede dos tresmalhos. Estas lanchas normalmente pescavam duas a duas, com dois panos de rede cada, com cerca de 30 metros e que eram interligados pelas tralhas das redes entre si e aos alforques nas extremidades.

Barcos de Penha de Águia (Povoação)
CÉLIA
Lancha de pesca da rede dos tresmalhos. Estas lanchas normalmente pescavam duas a duas, com dois panos de rede cada, com cerca de 30 metros e que eram interligados pelas tralhas das redes entre si e aos alforques nas extremidades.

DORA
Pateira, pequena embarcação de popa fechada e pouco calado, permitindo navegar com dois a três palmos de profundidade, desempenhando tarefas que outras embarcações não conseguiam, devido ao seu maior calado.

Palanqueira (Povoação)
NUSCA
Chata ou bateira, que servia de apoio às embarcações de maior tonelagem e também muito usada pelos moleiros dos moinhos movidos a água, dos afluentes do rio e nos açudes a montante de Mértola

Pomarão (Povoação)
LOULÉ
Uma das três lanchas, com cerca de 7 metros de comprimento, que se dedicava ao transporte de pessoas entre as duas margens do rio.

GUARDA – FISCAL
Lancha da secção da Guarda – Fiscal de Alcoutim, que tinha como missões principais: patrulhamentos via fluvial, rondas às guarnições dos postos da sua área e rondas oficiais.


MARIA BALBINA
Canoa de vela latina, porão aberto e duas cobertas (uma à frente e outra a ré) que fazia os mesmos serviços de outras canoas e buques existentes no Baixo Guadiana naquela época.

Montinho das Laranjeiras (Povoação)
RAFA
Bote com cerca de 4m, utilizado em pequenas tarefas, como a assistência aos barcos de carga, pequenas deslocações a povoações vizinhas, recolha de produtos agrícolas, frutícolas e hortícolas criados nas várzeas, junto ao rio,...

Laranjeiras (Povoação)
RODRIGO
Lancha dos palangres (pesca ao anzol). Deslocava-se a remos ou de vela à “carangueija”, quando o vento soprava. As espécies capturadas estavam em função da isca que era colocada no anzol.

Guerreiros do Rio (Povoação)
ROMANITA
Canoa de vela latina, mais conhecida pelo barco do correio, pelo facto de ter como missão prioritária a recolha e distribuição das malas do correio, entre Alcoutim e Vila Real de Sto. António.

LUCILIA
O Rio Guadiana era o único do país que possuía esta arte, a qual era conhecida no seu conjunto, como a lancha de pesca da rede da colher. Dedicava-se fundamentalmente à pesca da taínha e muge, embora capturasse outras espécies. Em todo o Baixo Guadiana existiam muitas destas lanchas.

PAULA
Lancha de vela latina, para transporte de pessoas e pequenas mercadorias, entre as várias localidades do Baixo Guadiana.

Álamo (Povoação)
LAGARTO
Buque barco de vela latina, de transporte de mercadorias para abastecimento das povoações marginais. Este barco tinha aproximadamente 17 metros de comprimento e carregava até 20 toneladas. Era propriedade do Sr. Henrique Miguel, natural do Monte do Álamo.

Foz de Odeleite (Povoação)
MARIA ALEXANDRINA
Canoa de vela latina, de transporte de mercadorias diversas, destinadas ao reabastecimento das populações marginais ao rio. Pertencia ao Sr. Manuel da Rocha e que tinha o nome da sua esposa.
LINO
Lancha de pesca ao candeio. Esta pesca fazia-se nos meses de Verão quando as águas estavam mais quentes e límpidas, dando origem a que os peixes, taínhas e mugues, alvorassem (viessem à superfície) e entrassem na zona iluminada pelo candeio, ao alcance do pescador, que dispunha de uma fisga ou chalavar de cabo extensivo.

Almada de Ouro (Povoação)
BOA ESPERANÇA
A este barco de vela latina, buque, foi-lhe dado o nome de Boa Esperança, por o seu proprietário se chamar Esperança. Era natural de Almada d’Ouro, onde residia e desempenhava as várias tarefas como todas as canoas e buques que operavam no Baixo Guadiana.

Castro Marim (Vila)
ZÉ MARUJO
Lancha de vela à carangueija ou a remos que se deslocava de Castro Marim, rio acima a vender o peixe às populações marginais ao rio.Os marujos de canastra à costas caminhavam para as povoações do interior a vender porta a porta o seu pescado

PÉ LEVE
Lancha do tapa esteiros, nos afluentes do rio e nas enseadas. Esta pesca nas enseadas consistia em fazer o cerco quando a maré atingia o seu ponto mais alto. O mesmo acontecia nos afluentes do rio. Esperava-se depois que a maré baixasse para retirar o peixe que ficava cercado pelas redes.

Vila Real de Sto. António (Vila)
CAMPINO

Um dos barcos que ainda sobrevive a fazer a ligação entre Vila Real e Ayamonte, no transporte de viaturas e pessoas, nesta altura já pouco procurado. Foi adquirido no Montijo, há cerca de sessenta anos e no de4correr do tempo foi submetido a várias transformações.

AGADÃO
Galeão, antigo barco de pesca do cerco à sardinha, hoje designado por traineira. Estes barcos tinham para a sua faina uma campanha de vinte a trinta homens, altura em que todas as actividades eram feitas com a força e habilidade dos seus intervenientes. Dispunha ainda de uma pequena chata como auxiliar das fainas piscatórias.

PAULO MIRA
Barco que fazia a ligação no transporte do pescado entre o galeão e o porto de descarga. Daí lhe veio o nome de enviada.

JORGE
Galeão, barco de pesca ao arrasto, sendo que mais tarde lhe foi dado o nome de arrastão.Tinha como auxiliar nas fainas uma chata ou bateira.

NORDESTE
Barcaça da arte chávega. Havia alguns em em Vila Real de Sto. António, mas era em Monte Gordo que mais se encontravam, dadas as características da costa para este tipo de pesca. A rede era lançada paralelamente à praia e em seguida arrastada contra a areia pela força do homem.

Barcos de apoio:
ESCALARES (Salva vidas)Dois que fazem parte do Navio de Carga ALCOUTIM

Chatas ou BateirasDuas pequenas embarcações, auxiliares de manobras na faina da pesca, do cerco à sardinha e na pesca do arrasto.

E quem não se lembra do São Macário e do Maria Cristina que desciam o Guadiana carregados de minério das Minas de S. Domingos e subiam-no para descarregar guano antes das sementeiras?!...
As descargas dos porões eram uma azáfama para os adultos e uma delicia para nós,os miúdos, porque animavam o cais e traziam movimento à vila!
Belos tempos!...

segunda-feira, novembro 10, 2008

O NOSSO PRESIDENTE DOUTOR...como carinhosamente é chamado!

Como este blogue não existia em 2007 só agora posso aqui deixar expresso o reconhecimento do que tens feito pela saúde das gentes do nosso concelho,reivindicando melhores cuidados de saúde, em especial para os utentes mais idosos.
Nem sempre tem sido fácil ir adiante, como muito bem sabemos…
Sei que não gostas muito destas homenagens, mas quero afirmar aqui o privilégio que é termos como Presidente um filho da terra que a ama incondicionalmente e, que depois de a ter deixado ainda na sua menince, para ela voltou já homem para a amar ainda mais vivendo nela e colocando-se ao seu serviço como Médico e como Presidente!

Francisco Amaral condecorado


O Presidente da Câmara Municipal foi agraciado com distinção honorífica do Estado Português.
Francisco Amaral, médico de profissão e Presidente da Câmara Municipal de Alcoutim, foi condecorado pelo Presidente da República com o grau de Comendador da Ordem de Mérito, no passado dia 10 de Junho, na sessão solene comemorativa do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, que decorreu em Setúbal.
A Ordem do Mérito é uma ordem honorífica portuguesa que tem por finalidade distinguir actos ou serviços meritórios que revelem desinteresse e abnegação em favor da colectividade, praticados no exercício de quaisquer funções, públicas ou privadas.
http://www.cm-alcoutim.pt/

E já agora, não resisto a colocar mais esta informação.

Funções que Desempenha Actualmente:
Presidente da Câmara Municipal de Alcoutim, desde Dezembro de 1993.
Médico Voluntário no Hospital Distrital de Faro.
Presidente da Assembleia Geral dos Bombeiros Voluntários de Alcoutim.
Membro do Conselho Directivo da Associação Nacional de Municípios Portugueses.
Dirigente da Associação Odiana (Municípios de Alcoutim, Castro Marim e Vila Real de Santo António).
Membro da Junta Metropolitana do Algarve.


Bem hajas, CHICO!...
Obrigado pela tua abnegação e pela luta que tens travado no combate à interioridade e desertificaçao do nosso concelho.
Deixo-te um beijo.

domingo, novembro 09, 2008

Conta-me essa tua façanha escolar...

Na sequência de um comentário que fiz no espaço do meu amigo Ferreira, ele ficou curioso e... escreveu:
"...conta-me essa tua façanha escolar.
Isso vindo de uma professora promete..."
Não teria sido coisa de muita importância, mas eu dei-lha.
Tinha 9 anos e andava na 4ª classe. Os meus pais tinham um Café na terra e eu fazia os deveres por ali, numa mesa ou noutra. Certa vez, a minha mãe olha para a conta que estava errada e diz-me que apague e faça de novo ao que eu respondi:
_Não faz mal, mãe! Já estou cansada de fazer tantas contas, e a profª nunca as vê...
Um café, sabes, de uma terra pequena como era a minha, naquele tempo. Não sei quem foi contar à professora. Era um local público e alguém que estava a ouvir o fez...
Ao outro dia, a dita conta continuava errada, a minha mãe andava na vida dela e pensou, decerto, que eu a corrigira...
_Menina, quero ver os teus trabalhos...
Só os meus, bolas, logo os meus ?!?!... E porquê os meus?... - pensava eu com os meus botões.
A conta, meu Deus, a desgraçada conta de dividir com 3 algarismos no divisor...
Vai lá perguntar agora a um Universitário de uma qualquer engenharia, por exemplo, se sabe fazê-la...
_ Ai sim?! Com que então, a professora não vê as contas! Estás a ver como te enganaste? Que afinal a professora vê as contas!!!
E foi assim... deu-me 12 reguadas onde descarregou toda a sua raiva e frustração!... Eu era boa aluna e senti-me humilhada e ofendida na minha dignidade... Sei que falhei, mas eu era uma miúda!...
Tenho consciência de que, naquele dia, aprendi uma lição de vida. Nunca, em todo o tempo da minha vida de professora, eu passei um trabalho de casa que ficasse por corrigir... Este episódio veio-me à memória vezes sem conta... Quando me dava a preguiça de corrigir um ou outro trabalho de casa, a minha consciência fazia ... Tlimmm...
Recordo que, naquele tempo, tal como agora havia de tudo numa sala de aula. Os bons alunos, os médios, os que estavam abaixo da média e os que estavam muito abaixo, abaixo, abaixo.... Hoje, temos um nome pomposo para os nomear "Alunos com Necessidades Educativas Especiais". Havia 2 ou 3 na minha sala... As tabuadas, tudo sobre os reinados dos Reis de Portugal, os Rios, as Serras, as Linhas de Caminho de Ferro de Portugal e ainda do tal Império Colonial... Angola, Moçambique, etc... E os problemas das torneiras a pingar água, quantos litros se gastam se pingar durante 2 horas 25 minutos e 53 segundos ?...
Nem me quero lembrar!... Coitados...
Naquele tempo era assim e, as coisas estavam " instituídas" e nenhum pai se chateava com isso!!!...Os tempos mudaram, felizmente, e as mentalidades também. Nunca senti vontade de castigar um aluno porque não aprendia. Dando eu o máximo de mim, quem não aprendia à primeira era porque não tinha certamente a facilidade dos outros. Tinhamos que chegar lá com mais trabalho dele e meu.
Mas um dia contei-lhe da minha mágoa de menina, acreditas?... Já éramos colegas e encontrámo-nos na baixa de Faro...
Não se lembrava. - disse-me.
Acho que, só depois desse encontro, a perdoei...

AGORA É ASSIM:


sexta-feira, novembro 07, 2008

CINEGÉTICA

A caça a espécies como a perdiz, a rola, o coelho, a lebre, o javali e a raposa, é praticada na região desde tempos imemoriais.
Talvez por essas raízes culturais, após a Lei da Caça ter permitido a criação de Zonas de Caça Associativas e Turísticas, a sociedade civil de Alcoutim manifestou grande dinamismo associativo e empresarial.
Alcoutim é, actualmente, dos concelhos do país com maior apetência para a prática cinegética.
No Algarve é, sem dúvida, o concelho mais cinegético, possuindo quase metade das zonas de caça turísticas existentes na Região.
A caça neste momento já representa uma importante fonte de emprego, directo e indirecto, no concelho, assim como uma considerável entrada de receitas. Por outro lado, tem contribuído para o aumento do fluxo de visitantes, facto que só por si justifica o apoio que a autarquia tem prestado a esta actividade.

Zonas de Caça Turísticas existentes no concelho
Tesouro,Afonso Vicente,Herdade da Bela Vista,Giões,Pateira,Monte da Estrada,Lutão,Marmelcaça,Finca Rodilha,Martincaça,Montinho da Revelada e Portelas do Guadiana.

A zona de Caça Turística da Finca Rodilha envolve áreas que me são conhecidas já que os meus avós maternos viviam na zona. Lembro-me de ser miúda e estar em casa dos meus avós e ouvir constantemente alguém dizer: " O Sr Presidente anda na caça..."
Era hábito o então Presidente da Republica, Almirante Américo Tomás, caçar na zona.
Não se fazia disso segredo, os tempos eram outros e não havia receio de " uma bala perdida"... porque eramos um povo de brandos costumes, naquela época!
A frase vem desse tempo, porque agora não é bem assim...
Acontece-me muitas vezes, quando lá vou na Primavera, ter de parar o carro para que uma perdiz mais os seus 6 ou 7 perdigotos atravessem, calmamente, a estrada.
Não têm receio algum de nós, já dos caçadores...será outra história!!!

quinta-feira, novembro 06, 2008

Y TE VÁS Y TE VÁS...



Cantada vezes sem conta, nos intermináveis passeios de barco a remos, no “nosso” rio.
Canção triste, mas que continha as palavras mágicas que transportavam o nosso imaginário para a outra margem a que, em principio, só tínhamos acesso consoante a disposição do responsável da Guarda Fiscal...
Mas o convívio sempre existiu. Que mais não fosse nas Festas de Alcoutim, de Sanlucar, em uma ou outra “escapada” e na época balnear na “praia “ de Sanlucar (sem pôr os pés em terra).
Fizeram-se grandes amizades e algumas paixões. Recordo com saudade a Anita, Angélica, Purita, Nines, Paquita, Maria José e tantas outras e outros, não esquecendo o German que tocava acordeão e gostava de música folclórica portuguesa.
Tempos há muito passados. Já não há barcos a remos. Nem o Chico Balbino ou o Manuel Balbino para nos emprestarem o barco. Vamos a Espanha sem autorização da Guarda Fiscal, sem Salvo-Conduto, sem Passaporte, sem Bilhete de identidade...
O romantismo acabou!...

Obrigado Zé por este belo texto.
O German deu-me as primeiras lições de francês, sabias?
Um espanhol a ensinar francês a uma "niña" portuguesa...


Cancion dedicada a todos aquellos que perdimos un gran amor,,que por circunstancias adversas al destino se fue al cielo...pero que algun dia no muy lejano ese reecuentro vendra y se unira para la eternidad... :(
Bella cancion de PALITO ORTEGA...

SAUDADES...


Gosto de caminhar pelas antigas ruas de calçada portuguesa e descobrir diferenças...
Embora tenha havido muita preocupação em preservar a traça antiga, muita coisa mudou...no contexto geral.

Sinto saudades dos rostos dos velhos que aguardavam, na escadaria da Igreja da Misericórdia, que o calor amainasse...
Sinto saudades dos telhados cobertos de líquenes escurecidos pelos anos...
Saudades da brisa, dos cheiros, dos sons...
Sinto saudades dos mergulhos na Ribeira e no Rio, ainda, sem indicios de poluição...
Saudades dos passeios na estrada porque nos divertiamos a caminhar, sem rumo, á tardinha...
Saudades das alegres gargalhadas ao entardecer, no cais, bem junto à agua...
Saudades do chilrear das andorinhas que faziam os seus ninhos nos beirais dos telhados.
Saudades das cegonhas que regressavam sempre no final do Inverno à Torre das Igrejas : Virgen de l'Arrábida em Sanlucar e Senhora da Conceição em Alcoutim...
Eram sempre 2 casais, ora numa margem ora noutra...
Ao anoitecer, cada casal regressava ao seu ninho, que é como quem diz ao seu País...

Sinto saudades ...

ARTESANATO

O Artesanato em ALCOUTIM, nos dias de hoje...

Conhecer o artesanato de uma região é abordar o seu passado, é sentir as suas tradições e costumes, é contactar com os seus valores ancestrais.
Apesar das actividades artesanais estarem a desaparecer um pouco por todo o país, no concelho de Alcoutim ainda se confeccionam as tradicionais peças de lã e de linho (mantas, alforges, etc.), bordados e rendas, tapeçaria , persistindo igualmente actividades tradicionais como a cestaria em cana e em vime, a olaria, o ferreiro de forja ou o sapateiro. Estando também em desenvolvimento um tipo de artesanato mais recente, resultante da capacidade de adoptar, adaptar e inovar técnicas artesanais, representado nas bonecas de juta (Oficina Flor da Agulha), simbolizado figuras típicas da região, e nas flores de palha de milho (Lutão de Baixo), bem como nas mais variadas peças de barro (Martinlongo e Cortes Pereiras).
Eis alguns exemplos do artesanato característico do concelho de Alcoutim:

Arranjos Florais

Feitos de palma de milho e decorados com ervas campestres. São peças feitas com paciência, dedicação e muita sensibilidade.
Este tipo de artesanato requer muita destreza manual para dar formas de pétalas às palmas de milho, de onde surgem lindas flores.
Bonecas de Juta

Representando figuras típicas da região, são feitas de serapilheira, com o corpo armado em estrutura de arame. Com linho são feitas as cabeleiras e com chitas, o vestuário que as enfeitam. Os adornos, que caracterizam a actividade que representam, são miniaturas feitas em metal, madeira ou barro.
Cadeiras
Executadas com materiais da região, estas cadeiras são autênticas obras de arte popular. São de vários tamanhos, feitas de madeira de oliveira, as costas e os pés de loendro e o tampo é tecido com junça, uma planta que nasce espontaneamente na região.
Cestaria
Com as canas apanhadas junto do rio e das ribeiras, fazem-se cestos, cabazes e canastas, que antigamente serviam de transporte dos produtos agrícolas e do peixe.
Têm hoje em dia outras finalidades, sendo muitas vezes meramente decorativas. Alguns artesãos fazem também chapéus de cana.
Calçado

No concelho de Alcoutim ainda se confeccionam sapatos, botas e sandálias de forma artesanal. Esta técnica mantém intactas as suas características, quer do ponto de vista da matéria-prima a utilizar, quer ainda das técnicas ancestrais, aplicadas na manufacturação do calçado.
Cerâmica
Ressurge no concelho de Alcoutim com novas formas e cores. Umas vezes vidrada com cores fortes, outras recriando peças ancestrais.
Representam o aparecimento de jovens artesãos com perspectivas actuais, baseadas nas mais antigas técnicas de tratar o barro.
Tecelagem
É uma das mais antigas expressões do artesanato algarvio, nomeadamente de Alcoutim. Hoje em dia, ainda é feito nos teares manuais e de forma tradicional, desde a montagem da teia e da trama até ao corte e cosedura.
Entre os vários artefactos produzidos, contam-se as mantas feitas de retalhos, lã ou linho. Além destas, fazem-se também, colchas, toalhas de linho, alforges, sacos, tapetes e muitos outros artigos.
http://www.cm-alcoutim.pt

TODOS OS CAMINHOS VÃO DAR AO RIO...

"TODOS OS CAMINHOS VÃO DAR A ROMA" - frase corrente aquando da expansão do Grande Império Romano por toda a Europa...
É assim em Alcoutim,TODOS OS CAMINHOS VÃO DAR AO RIO... A atracção que exerce sobre o Alcoutenejo é enorme.Todos os dias temos que o ver, estando lá, é bálsamo...
O João André adora ir a Alcoutim e, desta vez, mal chegámos fomos direitinhos ao rio, é assim que sempre acontece.
No cais velho há uma escadaria de pedra da região, conheço-a assim desde sempre, e descemo-la com algum cuidado. Abeiro-me da água, descalço-me e ele olha-me admirado.
_ Vais molhar os pes?
_ Claro, descalça-te tambem...
E ali ficámos sentados a chapinhar,com as pernas a balançar na água, observando os barcos que passavam, que chegavam e partiam para Sanlucar. Alguns garotos mergulham rio jnto do cais novo, mesmo ao lado onde uma corveta da Marinha está ancorada desde a véspera.

Vou-lhe contando histórias, retalhos de cenas vividas por ali em cada palmo de chão, e de repente digo:
_Queres ir a Sanlucar? É só ir e regressar...
Claro, ele está ali para concordar com tudo e adora as minhas " surpresas". Calçámo-nos à pressa porque acabava de aportar um pequeno barco.
E lá vamos nós...A viagem é rápida e quem encontro logo em Sanlúcar mal ponho o pé em terra? O JESUS, um dos meus amigos espanhóis!!!...Bom, já valeu a pena. Eu começo a falar castelhano com ele e ele a falar português comigo...Mal nos demos conta, desatámos a rir à gargalhada...


Sanlúcar continua parada no tempo!
Era hora do calor, hora da " siesta" e não se via ninguén.
No Bar do Estrela, que agora tem outro dono, o som do flamenco...
Comprámos umas guloseimas e regressámos.
***
Do João, meu amigo POETA

Se foste até Sanlucar
O “ Jesus “ foste encontrar
- Esse gordinho a teu lado;
Se um dia tirares assim
Uma foto junto a mim
Já não fico…envergonhado!...

Também me hás-de lá levar
E havemos de ir ao tal Bar
Num belo fim-de-semana;
E depois para relaxar,
Eu também quero molhar
Os pés no teu Guadiana!

Falas do teu Alcoutim
Com tanto carinho, enfim,
Que estou morto por lá ir;
Mas eu tenho a sensação
Que se pisar esse chão
Já de lá não vou sair!...

Um beijo, e não te assustes...
Teu amigo João.

quarta-feira, novembro 05, 2008

COMO IR E ONDE FICAR

Turismo

O concelho de Alcoutim, com os seus 576,57 quilómetros quadrados, pertence ao distrito de Faro e situa-se no canto nordeste da região natural do Algarve, no denominado Sotavento Algarvio.
Tem a ribeira do Vascão a separá-lo dos concelhos de Mértola e Almodôvar a norte, faz fronteira a oeste com Loulé e a sul com Tavira e Castro Marim. Longe das multidões e da agitação dos centros turísticos do litoral algarvio, Alcoutim é um paraíso de tranquilidade entre a serra do Caldeirão e o rio Guadiana, fronteira natural com a vizinha Espanha.
A vila de Alcoutim é a sede deste município com apenas 3 770 habitantes (2001) e que se subdivide em 5 freguesias – Alcoutim, Pereiro, Giões, Martinlongo e Vaqueiros.
A região mantém bem vivo o seu artesanato, eminentemente ligado à vida rural, com peças que vão das tradicionais mantas de lã ou de trapos, à cestaria em cana e vime, olaria, bordados e rendas, toalhas de linho, arranjos florais em palha de milho, bonecas de juta, e tantas outras. A caça, a carne de porco e de borrego, e o peixe do rio constituem a base de uma rica e diversificada gastronomia, onde se destaca também uma apetitosa doçaria que reflecte, em grande parte, a abundância de mel, figos e amêndoas do Algarve.
Como chegar
O concelho é servido por dois eixos de estradas. Um no sentido norte-sul, a Estrada Nacional 122, que o liga a Mértola, para norte, e a Vila Real de Santo António, para sul; o outro, no sentido nascente-poente, a Estrada Nacional 124, que liga a sede de concelho a Martinlongo, Cachopo, Barranco do Velho, com ligação à antiga estrada do Algarve.Os dois eixos cruzam-se a 6 quilómetros da vila de Alcoutim, nas chamadas Quatro Estradas. O troço que liga o cruzamento à vila é a Estrada Nacional 122-1.
A grande novidade do acesso terrestre a Alcoutim é, desde Junho de 2005, o IC 27, uma via rápida com ligação directa à EN 122, em Monte Francisco, para sul e que, quando estiver concluída, ligará ao IP2, em Albernoa, a uns 15 quilómetros de Beja. Por enquanto, o IC 27 só chega ao nó de Alcoutim, situado a 8 quilómetros da vila, sendo a ligação a esta assegurada no essencial pela EN 122-1. Com esta nova via, Alcoutim fica a pouco mais de 20 minutos do litoral e das suas praias. A Estrada Municipal 507, marginal ao Guadiana, é outra acessibilidade especialmente recomendada pelas magníficas paisagens que o rio e as suas margens proporcionam. Para quem vem de Mértola, pela EN 122, pode ser tomada logo a seguir à povoação de Santa Marta. Para quem vem do Sul, pela mesma EN 122, pode ser tomada uns quilómetros a seguir ao Azinhal. O IC27 também tem uma ligação à EM 507 assinalada com a indicação Foz de Odeleite.

http://www.cm-alcoutim.pt

Reminiscências de um tempo distante...

Todos suspirávamos pelo Verão...
Havia os que estudavam em Faro, em Beja, em Huelva...
Naquele tempo, na província, não tínhamos as escolas que há hoje e apenas nas capitais de distrito havia Liceu. Com o término das aulas, que em Espanha coincidia com o nosso, toda a juventude confluía para as suas terras.Íam ser 3 meses de alegria, de sã camaradagem e, se o responsável da Guarda Fiscal nos deixasse, ía ser um ir e vir. Não estávamos na U.E. e as fronteiras estavam fechadas...


Revivo com saudade os banhos no rio e na ribeira, os passeios de barco a remos, os encontros à tardinha cá ou lá... As idas p'ró cais ao pôr do sol, os pés na água...o som da corrente nos pilares do cais, aquele cheiro do rio, as garças brancas a esvoaçar... Que saudades!...

Recordo as sevilhanas, o flamengo... aquela música que tanto nos fazia vibrar...A música deles, suplantava a nossa em ritmo, em alegria. Também cantávamos muito as modas alentejanas... Nada de danças e cantares algarvios... nós ali, estávamos muito longe do outro Algarve... Na raia com a Espanha, na fronteira com o Alentejo... era ali que estavam as nossas raízes. Recordo muitas - " Trigueirinha alentejana", "Moreanes é meu povo", "Lírio roxo do campo", "Fui colher uma romã", etc... ninguém se lembrava da "Tia Anica de Loulé"..., nem do "Baile de roda mandado"...

Por isso, sinto uma grande atracção pelo Alentejo e tambem pela Espanha, embora adore o meu País. Quando é possível, perco-me na noite de Sevilla ..." siempre me voy en las bodegas de la ciudad ya que me encantan el flamengo y las sevillanas ..." e do Alentejo "os comeres" - Pézinhos de coentrada, as açordas, as sopas de tudo: de peixe, de batata, de tomate com ovo escalfado... Bolas, começo a ficar com fome!!!!!!!!!!!!!!!

Mas continuando... Tinha uma amiga, a Irene, que morava fora de Sanlucar. Na 2ª curva, subindo o rio, ficava a casa dela. Muitas vezes, aos domingos, metíamo-nos num barquito a remos e lá íamos lanchar com ela; ainda fico com água na boca ao recordar o gostinho do chouriço feito em casa... como ela vivia muito isolada, a mãe que era de origem portuguesa, adorava que a visitássemos.
E o Diego que casou neste lado...nunca vi paixão assim...
E o Julio... Não era o Iglésias, era outro...Foi a minha primeira paixão, mas não foi o meu primeiro amor...prova provada de que nem sempre uma paixão se transforma em amor. Nunca mais o vi...Tínhamos 13 anos e num passeio de Catequese ... (quem ainda se recorda do Franciscano César??? ) fomos num piquenique ao Castelo de Sanlúcar... de mão dada, imaginem, na década de 60!...
Depois havia o "cara larga", como era feiozinho, nem o chamávamos pelo nome...mázinhas!!!...
O Jesus que continuo a ver, a Angélica, o Miguel Angel e outros ainda do lado espanhol que o tempo foi apagando...
Estas lembranças são retalhos de vida que me dão muito, muito prazer recordar!...

SITUAÇÃO GEOGRÁFICA, Interesses e Gastronomia

O concelho de Alcoutim situa-se no algarve e ocupa uma posição fronteiriça com Espanha.
A sede de concelho, com o mesmo nome, encontra-se na margem direita do Rio Guadiana, em frente a San Lucar del Guadiana.
Noutros tempos, a vila de Alcoutim serviu de palco para muito contrabando, o que reflectiu nos dias de hoje grandes laços culturais e amizades com os vizinhos espanhóis da margem esquerda do rio.

INTERESSES
- caça
- artesanato tradicional
- arranjos de flores
- renda de bilros
- tecelagem
- olaria e cerâmica
- cestaria
- empreita
- produção de aguardente de medronho

GASTRONOMIA
- Açorda de galinha com grão de bico
- Caldeirada de lampreia
- Doces de amêndoa e figo.

(alcoutim.net)
E mais coisas... DIVINAIS!!!... que vos digo eu!...
Cozido de grão, ensopado de cabrito, peixinho do rio cozinhado de muita maneira...
As filhós e os nógados de mel e amêndoa que nunca comi em mais lado nenhum...
(A grande especialista era a D. Ana Brandoa, só ela sabia o segredo, mas transmitiu-o às amigas, felizmente!)

De fazer crescer água na boca!

sábado, novembro 01, 2008

Origens e História


Longe do bulício das praias do Litoral, Alcoutim ainda conserva muitas das tradições enraizadas por uma cultura milenar. A sua paisagem singular, com o Rio Guadiana serpenteando as vilas ribeirinhas, dão-lhe um cariz nostálgico. Alcoutim é um concelho com história, patente no harmonioso Castelo e nos inúmeros vestígios arqueológicos, localizados nesta terra, escolhida
por diferentes civilizações. Uma terra com carisma, onde o artesanato tradicional representa o elo de ligação da sua cultura através das várias gerações de Alcoutenejos. É assim Alcoutim, uma reserva turística para aqueles que são atraídos pelo pitoresco, pela natureza e pelas tradições.
História
As origens de Alcoutim devem remontar ao Calcolítico, onde se terá fixado uma tribo celtibética, Nos princípios do século II a.C. foi ocupada pelos Romanos, que lhe deram o nome de Alcoutinium. Em 415 foi conquistada pelos Alanos e um século depois pelos Visigodos. Durante 73 anos esteve sob domínio bizantino, entre 552 e 625. Nos princípios do século VIII passou para o domínio dos Mouros, que fortificaram a povoação. Em 1240, no reinado de D. Sancho II, Alcoutim é integrada no território português e em 1304, D. Dinis dotou-a de foral, mandando reedificar as muralhas e o castelo. Este monarca doou a vila à Ordem Militar de São Tiago. Aqui foi celebrado um tratado (Paz de Alcoutim) entre o rei de Portugal D. Fernando I e D. Henrique, rei de Castela, que pôs fim à primeira guerra fernandina. Em 1520, D. Manuel reformou o anterior foral e elevou a vila a condado a favor dos primogénitos dos Marqueses de Vila Real. O facto de os donatários terem seguido o partido espanhol durante o período de dominação filipina, levou a que os seus bens revertessem, a partir de 1641, a favor da Casa do Infantado. Entretanto Alcoutim foi palco de escaramuças militares durante a Guerra da Restauração, podendo-se destacar, em 1642, o duelo de artilharia travado com S. Lucar del Guadiana. Esta localidade chegou mesmo a ser ocupada militarmente durante algum tempo pelas forças portuguesas no ano de 1666. Os últimos conflitos aconteceram entre Liberais e Miguelistas que disputaram a posse do rio Guadiana. Diz-se que o célebre Remexido incendiou algumas repartições da vila. Nos meados do século XIX ainda mantinha as muralhas com as suas três portas: a do Guadiana, a de Mértola e a de Tavira.
http://www.portugalvirtual.pt/_tourism/algarve/alcoutim

sexta-feira, outubro 31, 2008

A guerra colonial...


  

A Guerra Colonial marcou muito a minha juventude...
Naquela época, quem partia levava saudades de quem ficava e quem ficava consumia-se de saudade e de medo.
Muitos pais perderam os seus filhos em terras de África- Angola, Moçambique, Guiné -, muitas esposas perderam os seus maridos, muitas jovens perderam os seus irmãos, afilhados de guerra, namorados...

Ao cimo da minha rua ficavam os CORREIOS e o Carteiro trazia as cartas e os aerogramas rua abaixo e perguntava-me:
_Queres mais Afilhados de guerra?... e eu escolhia-os pela letra...
Os Sargentos e Oficiais escreviam em cartas e as Praças em aerogramas. Entende-se o porquê, pois o aerograma custava $20 e o selo 2$50.
Endereçavam assim: 'Sr. Carteiro entregue à menina mais bonita que encontrar... entregue à primeira jovem que encontrar, etc...'
Eu era o filtro e, só passavam além de mim, os que tinham a letra feia...

Tive o meu namorado na Guiné e vários afilhados nas 3 zonas de guerra. Ao namorado escrevia todos os dias e aos afilhados sempre que possivel, mas no minimo 2 ou 3vezes por semana. Sabíamos o quão importantes eram para eles as nossas cartas, sabíamos quão grande era a decepção e a tristeza se o seu nome não era proferido na hora da distribuição do correio. Era tão pouco e significava tanto para eles...
"Angola é nossa
Angola é nossa,
Angola é nossa..."
Isto era o refrão de uma música interpretada pelo Coro e Orquestra da Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho (F.N.A.T.)
Lembro-me de ouvir isto e sempre ouvia a minha mãe falar entre dentes:
_A parte que eu lá tenho, dispenso-a.
O meu irmão nasceu aquando do inicio da guerra e era um rapaz... e ela tinha muito, muito medo que a guerra se prolongasse no tempo!!!

Quando ouço os saudosistas apelarem ao 24 de abril, ainda sinto um misto de desconforto e de raiva. Eu sou saudosista dos nossos jovens militares que partiram cheios de esperança no regresso e não voltaram com vida ou voltaram feridos, estropiados ou tão abalados emocionalmente que nunca conseguiram recuperar. Sinto saudades das lágrimas misturadas com sorrisos, que retenho na memória, aquando da partida, sorrisos que queria rever e que não aconteceram.
Tambem vivemos o nosso lado da guerra, eu e todas as jovens da minha terra.
Perdemos familiares, amigos e namorados...
A todos dedico este escrito de SAUDADE!...

quinta-feira, outubro 30, 2008

Algarve - ALCOUTIM - Beira Baixa


ALCOUTIM para mim era única. Só havia uma terra com este nome e era a minha. Eis senão quando, num passeio de Abrantes à Sertã, encontro outra Alcoutim. Olho para a placa, poso para a foto e, não resisto, vou até lá.
Nos três carros que me acompanham, só eu me identifico com aquele nome no entanto, todos sabem porque quero lá ir...
Chegamos e fico olhando num misto de admiração e encanto, aquele pequeno lugar de pouco mais de uma vintena de casas. Apenas uma rua que subimos em fila. No cimo, paramos. Aparece o Sr. Manuel Antunes de oitenta anos seguido, de perto, pela esposa.
A porta da adega abre-se logo para os homens e às senhoras recomenda-se a habitação. Pela porta entreaberta podemos ver as paredes cobertas de calendários e logo percebemos...Acabamos todos sentados na escadaria, bebendo e conversando, num alegre convívio que trouxe reminiscências do passado ao dono da casa.
Havia outra Alcoutim, ele sabia. Já lá tinha trabalhado perto, na ceifa do Alentejo quando era jovem. Tinha sido um " ratinho das Beiras ",como eram chamados pelas moçoilas alentejanas. Diziam elas que eles só comiam pão e queijo...
_Não gostavam de nós, os alentejanos. Eram tempos difìceis e nós íamos fazer baixar as jornas e tirar-lhes algum trabalho - dizia o sr. Manuel.
Nesse tempo, chegado que foi ao Alentejo, escreveu à namorada que ficara na terra. Essa primeira carta foi parar, imaginem, a Alcoutim do Algarve.
Assim, aprendeu que havendo outra, tinha que identificar melhor a sua:
Alcoutim ... da Cumeada - Sertã - Castelo Branco.
E nunca mais qualquer carta se perdeu!...

Hoje teria que ser assim:
Alcoutim
6100-352 CUMEADA

Do João Manuel, meu amigo POETA:

Pode haver outro Alcoutim
Se tu dizes, acredito,
Até mais perto de mim
Mas o teu... é mais bonito!

O da Beira, não conheço,
Mas no teu já lá passei;
A grande pena, confesso,
É que então...não te encontrei!

A vida prega partidas
E fico aqui a cismar...
Se numa das minhas idas
Não te irei lá encontrar!

O Mundo rola e rebola
Em constante rotação;
E tudo se desenrola
Mas sem estar na nossa mão!...

Se se encontra uma pessoa
Como tu, tão cativante,
a gente a vida abençoa
Por nos dar um diamante!

Parabéns a Alcoutim
Que afinal te viu nascer;
Só num lugar belo assim
Tu poderias crescer!

E a pureza que inspira
Essa terra linda e calma,
E que a gente admira
Na limpidez da tua alma.

http://robinsoncrosue.spaces.live.com
Obrigado pelo carinho, João.
Beijo

A LENDA da MOURA do CASTELO VELHO de ALCOUTIM

Junto a duas azinheiras que ainda existem perto do Castelo Velho, que foi em tempos uma antiga fortaleza islâmica, vive uma moura encantada, transformada em serpente que guarda um tesouro...
No tempo do Rei D.Sancho II (1240) o castelo terá sido conquistado aos mouros por D.Rui Gomes, de forma pacífica. Aí encontrou o ex-Alcaide mouro e a sua sobrinha Zuleima, prometida ao jovem mouro Hassan que fugira para não assistir à derrota.
D. Rui e Zuleima apaixonaram-se e foram felizes durante algum tempo. Certo dia, o cavaleiro português, convencido de que ía encontrar-se com um mensageiro do Rei, foi levado a uma emboscada e apunhalado pelo próprio Hassan.
O mouro levou Zuleima no seu cavalo e foi perseguido por quatro soldados. Os dois acabaram por ser mortos ao pé das duas azinheiras.
Ainda há quem ouça o soluçar da Moura Zuleima que por lá ficou encantada..., chorando o seu amado Rui. Conta-se que já foi vista, em noites de lua cheia, em cima da azinheira, penteando os seus longos cabelos...
Diz a lenda que o candidato a desencantador da bela Moura, terá que lá aparecer numa dessas noite de S. João, à meia noite - hora em que a Moura, se transforma em serpente e desce ao Rio.
Terá que ir armado apenas com um punhal e terá que acertar na enorme mancha negra que a serpente tem no dorso... aí sim, quebrar-se à o encantamento e, como recompensa, além do amor da bela Moura, terá também um tesouro... 

Obs: Esta lenda dá o nome a este Blogue.
Até aos meus 18 anos vivi nesta linda terra e sempre ouvi contar esta lenda.
Até hoje, ninguém se atreveu a desencantar a moura que por lá continua a chorar e a banhar-se no rio, em noites de S. João...